Retirar publicidade à RTP é voltar à “TV a preto e branco”, diz antigo ministro do PSD

Nuno Morais Sarmento, que tutelou a RTP no Governo de Durão Barroso, considera que “é demasiado grave” acabar com a publicidade no canal público “sem que haja contrapartidas”.

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Nuno Morais Sarmento tutelou a RTP enquanto ministro da Presidência do Governo de Durão Barroso Nuno Ferreira Santos
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Os planos do Governo da AD para a RTP, em particular o fim gradual, em três anos, da publicidade no canal público merecem duras críticas do social-democrata Nuno Morais Sarmento, que foi ministro da Presidência no Governo de Durão Barroso e que, nessa qualidade, teve a tutela da estação.

No seu espaço de opinião na CNN, na noite desta terça-feira, Morais Sarmento começou por um comentário benigno relativamente às intenções do executivo, mas desde logo sinalizou as suas dúvidas: “Sou a favor de todas as mudanças, de todas as reformas, quando procuram acompanhar o tempo novo que se avizinha, e por isso é corajosa a iniciativa, talvez ambiciosa demais.”

O homem que em Julho foi nomeado presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) ​pelo actual Governo disse depois que há "duas ou três questões, no mínimo, preocupantes”, para se concentrar numa delas: “A publicidade.”

Considerando que acabar com a publicidade na RTP ao longo de três anos é uma "opção questionável", até porque tenderá a ter impacto nos contribuintes, Morais Sarmento lembra que “há dez anos" acompanhou e realizou "estudos sobre essa matéria” para destacar uma expressão que lhe ficou na memória e que afirmava que tirar a publicidade do canal público seria "voltar a uma televisão a preto e branco, é tirar a cor à televisão”.

“Mas se a decisão é questionável, o que me parece que já não é questionável, porque é demasiado grave, é a total ausência de contrapartidas”, prossegue, notando que, em 2022, quando o próprio liderou o processo para retirar dois minutos de publicidade por hora à RTP, foi preciso negociar "duramente" com os operadores privados para que assumissem "um conjunto muito importante de obrigações do serviço público, da linguagem gestual aos programas para as minorias". "Que se entreguem seis minutos de publicidade sem que haja contrapartidas”, é, no entender do antigo governante, uma opção inaceitável.

Feitas estas críticas, Nuno Morais Sarmento deixou um apelo ao Governo: "se tiver senso, deve abrir um período de discussão e contributos públicos" sobre os planos para a RTP, até para evitar “acusações que não são simpáticas”.

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