O cantor Rufus Wainwright, associado de forma recorrente à canção Hallelujah, de Leonard Cohen, tornou pública a sua posição política: “Estou totalmente a favor de Kamala!”. E justifica, criticando o uso da música num comício de Donald Trump, que esta em nada representa os valores do candidato republicano à Casa Branca. Afinal, trata-se de um "hino, dedicado à paz, ao amor e à aceitação da verdade", diz o artista.
A sua versão de Hallelujah foi tocada num evento do candidato republicano em Oaks, Pensilvânia, no início desta semana. Numa declaração publicada na rede social X, antigo Twitter, Wainwright partilhou que "assistir a Trump e aos seus apoiantes utilizarem essa música na noite passada foi o cúmulo da blasfémia”.
“É claro que não tolero isso de forma alguma e fiquei mortificado, mas o que há de bom em mim espera que, talvez, ao ouvir e realmente sentir a letra da obra-prima de Cohen, Donald Trump possa sentir uma pitada de remorso pelo que causou”, declara o cantor.
Hallelujah, uma canção escrita por Leonard Cohen (1934-2016) e lançada em 1984, continua a ser interpretada por dezenas de artistas. Segundo o The Guardian, a versão mais famosa foi gravada por Jeff Buckley em 1994, mas foi inspirada na versão de John Cale de 1991, enquanto a de Wainwright surgiu em 2001, gravada para a banda sonora de Shrek.
Wainwright não é o primeiro a manifestar-se publicamente contra o candidato republicano, já outros artistas declararam o seu apoio à democrata Kamala Harris, tal como Taylor Swift, Billie Eilish, Jane Fonda e Bruce Springsteen.
Entretanto, a editora do espólio de Cohen enviou um pedido à campanha de Trump para que não utilize esta canção. Beyoncé e Céline Dion já tinham proibido o candidato de voltar a usar as suas canções nos comícios da campanha presidencial. Também o guitarrista dos The Smiths, Johnny Marr, reagiu da mesma forma a um vídeo divulgado nas redes sociais onde se ouvia Please, please, please, let me get what I want num comício de Trump.
Não é a primeira vez que Donald Trump passa por problemas semelhantes relacionados com o uso de canções. Em 2018, quando era presidente dos EUA, também Rihanna, os Aerosmith e a família de Prince o proibiram de reproduzir o trabalho dos artistas. Mais tarde, na corrida presidencial de 2020, a família de Tom Petty emitiu um comunicado onde proibia os republicanos de voltarem a tocar I won't back down, garantindo que o cantor nunca apoiaria “uma campanha de ódio”. A eles, nesse mesmo ano, juntaram-se os Rolling Stones, os Linkin Park e Neil Young.