Telescópio espacial Euclides revela o primeiro fragmento do seu mapa do Universo

O telescópio Euclides, lançado pela Europa, tem como missão desvendar os grandes mistérios que são a energia e a matéria escuras.

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Mosaico de imagens que contém 260 observações do telescópio Euclides entre 25 de Março e 8 de Abril ESA/Consórcio Euclides/NASA
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A missão do telescópio espacial europeu Euclides revelou esta terça-feira o primeiro fragmento do seu futuro grande mapa do Universo, que concentra milhões de estrelas e galáxias que correspondem a 1% do que vai ser mostrado em seis anos.

O primeiro pedaço do mapa, um mosaico, foi exibido esta terça-feira pelo director-geral da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), Josef Aschbacher, no Congresso Internacional de Astronáutica, que decorre até sexta-feira em Milão, Itália.

Este mosaico contém 260 observações ocorridas entre 25 de Março e 8 de Abril e, em duas semanas, o telescópio Euclides varreu uma extensão do céu austral equivalente em mais de 500 vezes a área da Lua Cheia.

O telescópio Euclides, enviado para o espaço em Julho de 2023 com tecnologia portuguesa a bordo, vai observar as formas, as distâncias e os movimentos de milhares de milhões de galáxias até dez mil milhões de anos-luz e, ao fazê-lo, vai gerar o maior mapa cósmico tridimensional.

O primeiro fragmento do mapa apresenta estrelas da Via Láctea e de outras galáxias, sendo que 14 milhões destas galáxias “podem ser usadas para estudar a influência oculta da matéria escura e da energia escura no Universo, refere a ESA em comunicado.

A ESA destaca ainda nas imagens reveladas “nuvens escuras entre as estrelas” da Via Láctea, que “aparecem em azul-claro sobre o fundo preto do espaço” e que “são uma mistura de gás e poeiras”.

Desde que a missão Euclides começou as observações científicas de rotina, em Fevereiro, 12% do rastreio do céu ficou completo. Os dados cosmológicos recolhidos no primeiro ano da missão serão divulgados em 2026.

Em Novembro de 2023, a ESA divulgou as cinco primeiras imagens do Universo registadas por este telescópio espacial, no caso do aglomerado de galáxias Perseus, da galáxia espiral IC 342, da galáxia-anã irregular NGC 6822, do enxame globular NGC 6397 e da Nebulosa Cabeça de Cavalo.

Posicionado a 1,5 milhões de quilómetros de distância da Terra, o telescópio Euclides vai observar, durante seis anos, milhares de milhões de galáxias (sobre as quais a matéria e a energia escuras geram efeitos na sua estrutura, forma, distribuição, movimento e evolução) em mais de um terço do céu e recuando até 10.000 milhões de anos-luz.

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Uma das zonas do Universo que constam do mosaico de observações do telescópio Euclides, um mosaico que foi agora divulgado ESA

Juntas, a energia escura e a matéria escura compõem 95% do Universo que continua por desvendar. A missão da ESA é a primeira que foi concebida para tentar compreender o que está efectivamente a acelerar a expansão do Universo e que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma misteriosa força que se opõe à atracção gravitacional.

O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço português está envolvido no planeamento das cerca de 50 mil observações de galáxias que o telescópio vai fazer ao longo da sua missão. E empresas portuguesas produziram diversos componentes do telescópio espacial. Pela primeira vez, Portugal ocupa um lugar de destaque numa missão espacial da ESA ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.

O nome deste telescópio espacial (em inglês, Euclid) vai buscar o nome a Euclides, o matemático da Grécia antiga considerado o “pai da geometria e que a ESA quis homenagear.