Novas imagens do telescópio Euclides mostram capacidade para revelar segredos do cosmos

Lançado em Julho do ano passado, o Euclides tem diversos componentes produzidos por empresas portuguesas. As primeiras imagens registadas pelo telescópio foram divulgadas em Novembro de 2023.

Foto
Imagem do Euclides da região de formação de estrelas Messier 78 ESA/Euclides/Consórcio Euclides/NASA
Ouça este artigo
00:00
02:48

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou esta quinta-feira novas imagens obtidas pelo telescópio espacial Euclides, que demonstram a sua capacidade para desvendar os segredos do Universo e permitir que os cientistas explorem a sua evolução.

Lançado em Julho do ano passado, o Euclides tem diversos componentes que foram produzidos por empresas portuguesas. As primeiras imagens registadas pelo telescópio foram divulgadas em Novembro de 2023.

A ESA divulgou também os primeiros dados científicos conseguidos no âmbito da Dark Energy Satellite Mission (a missão que visa mapear o Universo escuro), que são descritos numa série de dez artigos científicos, segundo um comunicado da organização.

Os artigos dão conta de várias novas descobertas, incluindo planetas “flutuantes” recém-nascidos, aglomerados estelares extragalácticos identificados recentemente, novas galáxias anãs de baixa massa num aglomerado de galáxias próximo e a distribuição de matéria escura em aglomerados de galáxias.

“A missão do Euclides é única e inovadora e estes são os primeiros dados tornados públicos é um marco importante”, afirma Valeria Pettorino, cientista ligada a este projecto da ESA, citada no comunicado.

“As imagens e as descobertas científicas associadas são impressionantemente diversas em termos de objectos e distâncias observadas. Permitem variadas aplicações científicas e representam apenas 24 horas de observações. Estamos ansiosos por mais seis anos de dados”, acrescenta.

Foto
Nova imagem obtida pelo telescópio Euclides do grupo de galáxias Dorado ESA/Euclides/Consórcio Euclides/NASA

Valeria Pettorino indica ainda que o telescópio visa ajudar a dar resposta às “maiores questões em aberto da cosmologia”, assinalando que estas primeiras observações “demonstram claramente que o Euclides está mais do que à altura da tarefa”.

A missão da ESA é a primeira que foi concebida para tentar compreender o que está efectivamente a acelerar a expansão do Universo, que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma força ainda desconhecida que se opõe à atracção gravitacional.

Foto
Imagem do Euclides da galáxia NGC 6744 ESA/Euclides/Consórcio Euclides/NASA

Segundo o comunicado, as imagens obtidas pelo telescópio Euclides são “pelo menos quatro vezes mais nítidas” do que aquelas que se podem conseguir com telescópios terrestres e “cobrem grandes áreas do céu com uma profundidade incomparável, observando o Universo distante utilizando luz visível e infravermelha”.

“O Euclides demonstra a excelência europeia em ciência e tecnologia de ponta e mostra a importância da colaboração internacional”, afirma o director-geral da ESA, Josef Aschbacher, citado no comunicado.

Foto
Imagem do Euclides do aglomerado de galáxias Abell 2764 ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA

“A missão é o resultado de muitos anos de trabalho árduo de cientistas, engenheiros e da indústria em toda a Europa e de membros do consórcio científico Euclides em todo o mundo, todos reunidos pela ESA. Eles podem orgulhar-se desta conquista.”

O Consórcio Euclides é composto por mais de 2600 membros, incluindo mais de mil investigadores de mais de 300 laboratórios em 15 países europeus, além do Canadá, Japão e Estados Unidos, de vários campos da astrofísica, cosmologia, física teórica e física de partículas.