Árvore cai sobre os dois carros de brasileiros. Ela tinha seguro completo, ele, não

Casal vive em Braga e costumava deixar os veículos em um estacionamento público perto de casa. Na quarta-feira, ventos fortes derrubaram uma árvore sobre os automóveis. O dela teve perda total.

Foto
Casal de brasileiros tem carros destruídos por árvore que caiu durante rajadas de ventos Arquivo pessoal
Ouça este artigo
00:00
05:13

Os artigos escritos pela equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Eventos extremos como os verificados há poucos dias em Portugal, quando ventos fortes provocaram estragos em várias localidades, serão cada vez mais frequentes. Nesse ambiente imprevisível, a prevenção é fator primordial para reduzir danos. E isso vale para tudo. A brasileira Eloísa Caram, 55 anos, e o namorado dela, Victor Schneider, 58, moradores de Braga, sempre deixaram os carros em estacionamento público perto de casa. Jamais poderiam imaginar que uma árvore cairia sobre os dois veículos ao mesmo tempo. Pois foi o que aconteceu na quarta-feira, 9 de outubro.

“A árvore caiu sobre os carros por volta das 5h30 da manhã. Foi um grande susto. Ninguém espera por isso”, diz Eloisa. Ela, porém, está totalmente protegida: o carro dela tem seguro completo. Já o de Victor, apenas o seguro obrigatório, contra danos a terceiros. Ou seja, ele terá de arcar com os prejuízos provocados pela natureza. “Meu carro é bem antigo, de 2011. Inclusive, foi muito difícil encontrar uma empresa que aceitasse fazer o seguro do veículo. Consegui, mas foi bem caro: 730 euros (R$ 4380), pagos em 12 parcelas”, conta. “No caso do meu namorado, trata-se de um modelo bem novo, uma SUV. No mínimo, o prejuízo dele foi de 2 mil euros (R$ 12 mil)”, acrescenta.

Foto
Trabalhadores da Defesa Civil cortam árvore que caiu sobre dois carros de casal de brasileiros em Braga Arquivo pessoal

Quando avaliado, o automóvel de Eloísa foi precificado em 3,9 mil euros (R$ 23,4 mil), o seguro, portanto, correspondeu a quase 20% desse valor. A ex-bancária, que está em Portugal há cinco anos, acredita que o veículo teve perda total. A seguradora, porém, ainda não bateu o martelo, mas lhe concedeu um carro reserva por cinco dias, prazo que acaba nesta terça-feira (15/10), quando se espera uma definição sobre a indenização. “Felizmente, sou daquelas que têm seguro para tudo, inclusive para roubo de telefone celular, mesmo esse tipo de crime não sendo comum em Portugal. Prefiro estar protegida”, ressalta.

Victor ainda tem a esperança de que os prejuízos provocados pela árvore sejam compensados pela Câmara Municipal de Braga, por se tratar de fenômenos naturais. Tudo está em discussão. Ele optou por fazer apenas o seguro obrigatório porque estava caro. “São escolhas de acordo com a visão de cada um. Eu sempre recomendo que se faça seguros de carro, de casa, de saúde. Fui bancária em grande parte da minha vida e aprendi que seguro se faz para não usar. Mas, se você tem e acontece algo, se sente protegido”, assinala Eloísa.

Foto
Consultor de seguros, Fernando Amorim afirma que há desconhecimento entre brasileiros sobre regras de seguro em Portugal Arquivo pessoal

Desconhecimento

Fernando Amorim, consultor de seguros, afirma que muitos brasileiros, quando chegam a Portugal, ficam perdidos na hora de decidir se fazem ou não seguro completo para os carros. “Falta, em grande medida, conhecimento sobre como o seguro de automóveis funciona”, frisa. Ele explica que, em Portugal, todos os veículos devem ter seguro obrigatório de responsabilidade civil contra danos a terceiros. A cobertura limite para danos materiais é de 1,3 milhão de euros (R$ 7,8 milhões). Já em caso de danos corporais, o limite é de 6,4 milhões de euros (R$ 38,4 milhões). É dentro desses valores que, em caso de sinistros, as seguradoras definem as indenizações.

Os demais seguros são facultativos, e o interessado por escolher quais coberturas deseja em suas apólices. Há seguros contra roubos, colisões, eventos da natureza, entre outros. “A pessoa pode escolher se quer uma ou duas coberturas ou o pacote completo. É importante deixar claro que isso tem um custo, e, para alguns, pode ser elevado”, acrescenta Amorim. O preço final ainda depende de outros fatores de riscos, como, por exemplo, o histórico do motorista, se ele costuma acionar muito o seguro, se nunca teve seguro antes, onde mora, qual o modelo do carro”, lista. Por isso, é fundamental fazer cotações com diferentes empresas para identificar qual o produto que mais se encaixa no orçamento e nas necessidades de cada um.

Há outras regras que pessoas que vêm de fora, o que tem se tornado cada vez mais comum em Portugal, desconhecem. “Por exemplo, se o carro é importado, foi comprado na Alemanha e registrado em Portugal, as seguradoras só aceitam fazer o seguro facultativo depois de quatro anos de o veículo ser legalizado no país. Mas o seguro obrigatório, que corresponde ao DPVAT no Brasil, vale para todos os automóveis”, destaca o consultor.

Tem, ainda, a questão da franquia. O valor é definido entre o cliente e a seguradora. E quanto menor for a franquia, maior será o custo do seguro, pois o risco está sendo empurrado para a empresa. “Se os custos para se resolver os problemas do carro, provocados ou não por um acidente, forem superiores à franquia, a seguradora assume a diferença, isto é, o cliente paga o valor acertado e a empresa, o que passar desse limite”, afirma. “Diante de tantos detalhes, é importante consultar um profissional especializado para não se cometer erros”, aconselha.

Sugerir correcção
Comentar