China lança exercícios de larga escala em torno de Taiwan. Taipé em “alerta máximo”

O ministério da Defesa chinês afirmou que os exercícios são resposta às afirmações do Presidente taiwanês, que reiterou que a República Popular da China “não tem o direito de representar Taiwan”.

Foto
Caça da Força Aérea de Taiwan prepara-se para descolar dentro da base aérea em Hsinchu, após China ter iniciado exercícios militares em torno de Taiwan RITCHIE B. TONGO / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:48

A China iniciou esta segunda-feira, 14 de Outubro, exercícios militares em grande escala em torno de Taiwan e das suas ilhas periféricas, num “aviso” contra “aos que apoiam a independência” do território, dias após Taipé ter reiterado a sua soberania.

O ministério da Defesa chinês afirmou que os exercícios são uma resposta às declarações do Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, que reiterou, recentemente, que a República Popular da China “não tem o direito de representar Taiwan”. Taipé considerou os exercícios como uma provocação e afirmou que as suas forças estão preparadas para reagir.

O porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP), o capitão Li Xi, disse que a Marinha, a Força Aérea do exército e a Força de Rockets estavam todos mobilizados para os exercícios.

“É um aviso importante para aos que apoiam a independência de Taiwan e um sinal da nossa determinação em salvaguardar a nossa soberania”, disse Li numa declaração difundida pela imprensa oficial de Pequim.

As manobras, designadas Joint Sword-2024B, envolvem forças terrestres, marítimas e aéreas, e são semelhantes às que a China realizou em Maio passado, também no estreito de Taiwan e em torno da ilha governada de forma autónoma desde 1949.

Li referiu que os exercícios incluem a aproximação de navios e aviões à ilha a partir de várias direcções, bem como ataques executados conjuntamente por diferentes forças, com o objectivo de testar a prontidão de combate real.

Forças de Taiwan em "alerta máximo"

Taiwan mobilizou as Forças Armadas para “defender a liberdade e a democracia” e “proteger” a sua soberania contra a China.

Em comunicado, o ministério da Defesa Nacional (MND) de Taiwan expressou a sua “forte condenação” das “acções provocatórias e irracionais” de Pequim, que “aumentam a tensão e prejudicam a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan”.

"Perante as ameaças, as forças armadas estão em alerta máximo, com a firme vontade de preparar a guerra sem a procurar, confrontá-la sem a evitar”, acrescentou.

A Guarda Costeira de Taiwan (CGA) enviou esta segunda-feira também vários barcos de patrulha, em resposta à presença de navios chineses nas proximidades da ilha, horas depois de Pequim ter anunciado nova vaga de manobras militares.

Em comunicado, a CGA afirmou que “as acções intimidatórias e ameaçadoras” do ELP e da Guarda Costeira Chinesa (CCG) “afectaram seriamente a paz no estreito de Taiwan e a estabilidade regional, com a intenção de perturbar o statu quo”.

“A Guarda Costeira está totalmente preparada e defenderá firmemente as fronteiras marítimas e a soberania nacional. As embarcações comerciais e de pesca que transitam na zona foram igualmente alertadas para estarem extremamente vigilantes”, declarou a CGA, que está a acompanhar “de perto” a situação em colaboração com o ministério da Defesa de Taiwan.

A agência também disse ter detectado “movimentos anormais” de navios da CCG desde as 11h (4h, em Lisboa) de domingo.

Taiwan foi uma colónia japonesa antes de ser unificada com a China no final da II Guerra Mundial. Os dois territórios vivem separados desde que em 1949 os nacionalistas de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha, enquanto os comunistas de Mao Tsetung assumiram o poder no continente chinês, no final da guerra civil.

Lai tomou posse em Maio, dando continuidade a um Governo de oito anos do Partido Democrático Progressista, que rejeita a exigência da China de reconhecer que Taiwan é uma província chinesa.

“A República da China [nome oficial de Taiwan] enraizou-se em Taiwan, Penghu, Kinmen e Matsu. A República da China e a República Popular da China não estão subordinadas uma à outra”, afirmou Lai, sob aplausos, durante um discurso, proferido em frente ao palácio presidencial de Taipé, nas celebrações do Dia Nacional, na semana passada.

A China afirma regularmente que a independência de Taiwan é um “beco sem saída” e que a anexação por Pequim é uma inevitabilidade histórica.