Kim Jones deixa a Fendi para se dedicar a tempo inteiro à Dior Homme

O criador britânico estava na Fendi, onde desenhava as colecções femininas, desde 2020. Ainda não há planos de sucessão.

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Kim Jones acumulava funções na Dior e na Fendi REUTERS/Sarah Meyssonnier
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Kim Jones está de saída da Fendi, anunciou a LVMH na sexta-feira. O criador britânico justifica a decisão com a vontade de se focar a tempo inteiro na direcção criativa da linha masculina da Dior, onde está desde 2018. “Kim Jones fez contribuições significativas para o legado criativo da marca, integrando perfeitamente a sua estética moderna e transcultural com o património histórico da Fendi”, declara o conglomerado de luxo, em comunicado.

Durante quatro anos, desde 2020, Jones renovou a imagem da casa romana, fundada por Adele e Edoardo Fendi em 1925, com colaborações e desfiles inventivos. “Sob a sua liderança, a casa reinventou as suas colecções de pronto-a-vestir e de alta-costura, oferecendo uma abordagem inclusiva e inovadora à moda que renovou constantemente os códigos italianos da Fendi”, elogia a mesma nota de imprensa, citado pela revista especialista Women’s Wear Daily.

O presidente da LVMH, Bernard Arnault, descreve Kim Jones como “um designer talentoso” e coloca a tónica no futuro. “Gostaria de lhe agradecer a sua contribuição e espero continuar a testemunhar a sua criatividade para a Dior Homme.”

Quanto ao futuro da Fendi, esse fica em aberto, com a empresa a manter-se em silêncio sobre os planos de sucessão para a direcção criativa. Silvia Venturi, parte da família Fendi, mantém-se na direcção criativa da linha masculina e de acessórios, uma categoria forte na casa de moda italiana, da qual se destaca a icónica mala Baguette.

O último desfile de Kim Jones foi na Semana da Moda de Milão, onde assinalou a celebração dos 100 anos da casa ─ que se assinalam em 2025 ─ e dos loucos anos 1920. A abordagem foi bastante literal com as silhuetas clássicas dessas décadas, como as cinturas descidas ou os pequenos vestidos com franjas, mas com a modernidade das transparências ou das sobreposições de estilo urbano. “Não gosto de olhar para as coisas de uma forma reflexiva ou nostálgica”, dizia o criador, antecipando a anúncio que havia de se seguir duas semanas depois.

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Desfile de alta-costura da Fendi em Julho de 2023 REUTERS/Sarah Meyssonnier

Jones recorria frequentemente ao arquivo da Fendi, que se notabilizou ao longo do século XX pelas peças em pêlo. A estratégia de revisitar colecções antigas é comum nos novos directores criativos para manterem uma identidade coerente com a história da marca, mas, simultaneamente, também pode denunciar uma certa preguiça criativa. O britânico foi também responsável por trazer para a casa embaixadoras como Kate Moss ou Naomi Campbell.

Essa preguiça ou estagnação podem ser o motivo por que Jones está de saída da Fendi, com Arnault a preferir que se concentre apenas na Dior, a segunda etiqueta mais rentável do conglomerado logo atrás da Louis Vuitton ─ a Fendi fica fora do pódio, em quarto lugar, com uma facturação que ultrapassa os 2000 milhões de euros.

Kim Jones, conhecido por ser um dos protegidos de John Galliano, está ligado à LVMH desde 2011, quando chegou para ser director criativo de moda masculina Louis Vuitton, a que adicionou um ADN de streetwear. Na Dior, é também essa a sua linha estética, mantendo sempre especial atenção aos arquivos da maison.

A saída do criador britânico é mais um abalo nas direcções criativa da LVMH que, no início do mês, anunciou a saída de Hedi Slimane da Celine para, no mesmo dia, apresentar Michael Rider como sucessor.

Nos últimos meses, o clima tem sido de mudança na liderança das casas de moda com Sarah Burton a chegar à Givenchy e Alberta Ferretti a sair da sua própria marca. Há ainda vários criadores com contratos a terminar nos próximos meses como é o caso de John Galliano na Maison Margiela ou Jonathan Anderson na Loewe. Pierpaolo Piccioli, que saiu da Valentino, e pode ser uma alternativa para a Fendi.

Já a Chanel continua sem director criativo desde Junho, quando Virginie Viard anunciou estar de partida. No desfile em Paris, o CEO da marca, Bruno Pavlovsky, fez saber que não está “com pressa” em encontrar sucessor. “Não se trata de encontrar um designer que fique cá dois anos, trata-se de encontrar a pessoa certa que possa abraçar a enorme escala da Chanel e liderar uma nova visão a longo prazo”, avisou a imprensa.

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