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Family Film Project mostra a etnografia e o surrealismo de Ben Russell

Entre esta terça-feira e sábado, a 13.ª edição do Family Film Project toma conta do Batalha, da Casa Comum e do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. O realizador americano Ben Russell em foco.

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Ben Russell é o foco deste ano do Family Film Project Jakov Munizaba
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Desde 2012 que o Family Film Project, uma produção do Balleteatro, leva ao Porto filmes, workshops e vários outros tipos de eventos sempre sob o mote "arquivo, memória e fotografia". Desta terça-feira e até sábado, entre o Batalha Centro de Cinema, a Casa Comum e o Museu Nacional Soares dos Reis, fá-lo-á pela 13.ª vez. O lema deste ano é "tempo, diferença e intimidade", algo que se foi construindo enquanto a organização seleccionava os filmes que foram submetidos à competição, fruto de uma open call internacional.

A coreógrafa Né Barros, co-directora do festival, explica ao telefone com o PÚBLICO que "o festival continua a ser uma espécie de mostra para pensarmos e sentirmos os modos de nos relacionarmos hoje com as narrativas e com os espaços das intimidades e como criamos a nossa própria narrativa através do registo". Na programação encontra-se, sublinha, uma "mistura entre produções profissionais e outras mais amadoras e alternativas a conviverem no mesmo espaço, independentemente do formato e dos modos de produção", algo que, diz, "é sempre muito rico".

Depois de, em edições anteriores, o festival ter focado e convidado nomes como Jonas Mekas, João Canijo, Catarina Alves Costa, Cláudia Varejão ou Ruben Östlund, o foco principal deste ano, a que serão dedicados os últimos dois dias quase na íntegra, é o realizador norte-americano Ben Russell. No activo desde o final dos anos 1990, o seu trabalho, que inclui inúmeras curtas-metragens, mistura etnografia, surrealismo e psicadelismo. Estreou-se nas longas em 2009, com Let Each One Go Where He May, uma série de planos longos no Suriname que passa na quarta-feira no Batalha. Além de apresentar os seus filmes, incluindo o mais recente, Direct Action, co-assinado por Guillaume Cailleau e centrado em activismo, vai estar presente para uma conversa, uma performance chamada Conjuring e uma masterclass.

É dele o derradeiro filme exibido, The Invisible Mountain, que se segue, no sábado à noite, à entrega de prémios. The Invisible Mountain envolve a busca de uma montanha fictícia. Já o primeiro filme que passa no festival, logo na tarde desta terça-feira, Lies I Told Myself, é um documentário do russo-israelita Efim Graboy, uma investigação da relação destrutiva dos seus pais que resulta na descoberta de um segredo familiar.

Há ainda outras masterclasses, que "são sempre um momento com uma adesão muito grande", já que, "além de haver uma apresentação de ideias e perspectivas diferentes, há sempre lugar ao debate, as pessoas podem colocar questões, tirar dúvidas", sendo "momentos interactivos importantes para a formação de públicos", resume Né Barros. Uma delas é do académico britânico Mischa Twitchin. "É uma pessoa que vem do teatro, mas também trabalhou muito com o cinema documental. E tem vindo a fazer edições relacionadas com filósofos e artistas", explica, referindo uma obra recente sobre Wittgenstein. Também há outra da dupla francesa Sophie Raimond e Christel Taillibert, "que têm um projecto de investigação na Universidade de Côte d'Azur em que trabalham sobre a reutilização de filmes amadores". E, por fim, uma do crítico, programador e jornalista italiano Luciano Barisone, que é também membro do júri ao lado do compositor português Filipe Lopes e do crítico, professor e programador galego Iván Villarmea Álvarez.

Em termos de performances, estas são orientadas à volta do pensamento do filósofo francês Michel Foucault, por ocasião do 40.º aniversário da sua morte. Incluem Susana Caló e Godofredo Enes Pereira, Sara Carinhas, Sónia Carvalho e os já mencionados Mischa Twitchin e Ben Russell.

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