Family Film Project ou cinco dias de cinema de memória
A japonesa Naomi Kawase e os seus diários e documentários sobre a família são o centro da 12.ª edição do festival portuense, que inaugura nesta terça-feira.
A japonesa Naomi Kawase e o francês David Ernaux-Briot são os convidados especiais do 12.º Family Film Project, festival internacional de cinema sobre arquivo, memória e etnografia que se inaugura nesta terça-feira e se prolonga até sábado, 21, no Batalha Centro de Cinema, com extensões ao Museu Nacional Soares dos Reis, às galerias Editoria e A Leste e à Casa Comum. Definida pela organização como dedicada ao experimentalismo cinematográfico e ao questionamento ético-estético das imagens, esta edição trará ainda a Portugal o artista e curador americano Peter Freund e propõe várias masterclasses e performances.
Figura central do programa é a cineasta Naomi Kawase, cujas obras mais recentes (como Uma Pastelaria em Tóquio ou A Quietude da Água) têm chegado às nossas salas, mas que virá apresentar os seus filmes de vertente documental e/ou diarística rodados entre 1992 e 2012 e centrados na sua própria vivência familiar. A cineasta dará uma masterclass no Batalha no sábado (21) às 16h30, moderada pelo programador italiano Luciano Barisone. A dimensão familiar expande-se também para a exibição de Os Anos Super 8, o olhar sobre os filmes caseiros da escritora premiada com o Nobel Annie Ernaux construído a meias com o seu filho, David Ernaux-Briot, apresentado pelo seu autor numa sessão esta quinta-feira (19) às 21h15.
Entre os outros nomes presentes nesta edição estará também a artista e cineasta italiana radicada em Portugal Luciana Fina, que mostrará esta noite a sua mais recente longa, Andromeda, filme-irmão da instalação que esteve em 2021 nas Carpintarias de São Lázaro sobre a televisão italiana dos anos 1970 e 1980. O filme será posteriormente mostrado no Doclisboa, na paralela Riscos, e é exibido no Family Film Project em simultâneo com uma masterclass da artista e uma nova exposição, 24fps x TV, patente até 14 de Novembro na galeria Editoria.
O festival produzido pelo Balleteatro propõe ainda uma secção competitiva com 19 curtas-metragens (entre as quais as portuguesas Místida, de Falcão Nhaga, Um Quarto na Cidade, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, e O Homem do Lixo, de Laura Gonçalves) e duas longas (Three Sparks, de Naomi Uman, e Don’t Worry About India, de Arjun Jr. e do colectivo de Mumbai Nama), bem como um conjunto de performances por Xana Novais, Bruno Senune, Teresa Noronha Feio e Vera Mota.