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Pablo Marçal versus Bolsonaro, duelo à vista
O coach Pablo Marçal, que despontou nas eleições municipais com discurso radical e mentiroso, surge como empecilho para os planos do ex-presidente de retomar o controle do Palácio do Planalto.
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Quem está esperando por um embate entre a esquerda e a direita no Brasil, de olho nas eleições presidenciais de 2026, primeiro, assistirá a um round dentro da extrema-direita, tendo, de um lado, o coach Pablo Marçal (PRTB) e, de outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Pesquisa mais recente divulgada pela Quaest aponta crescimento expressivo de Marçal em todo o país, sendo derrotado apenas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição.
O coach ganhou notoriedade nas recentes eleições municipais, em que, por pouco, não foi para o segundo turno em São Paulo. Com um discurso radical, cheio de mentiras e ataques à honra dos concorrentes, ele chegou a levar uma cadeirada de um concorrente, José Luiz Datena (PSDB), em um dos debates na televisão. Pelo levantamento da Quaest, se as eleições presidenciais no Brasil fossem hoje, ele teria 18% dos votos, contra 32% de Lula.
Bolsonaro e seus seguidores não admitem a possibilidade de Marçal ocupar o espaço no coração dos eleitores da extrema-direita. Primeiro, por considerá-lo indomável. Segundo, porque ele pode frustrar os planos do próprio Bolsonaro de sair candidato em 2026, caso o Congresso derrube a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente acredita que isso vai acontecer à medida que Lula for desidratando ao longo dos próximos dois anos, abatido pela falta de apoio à esquerda.
Para Bolsonaro, interessa, inclusive, que Marçal seja pego pela Justiça Eleitoral por ter cometido uma série de crimes nas recentes eleições, o mais grave deles, a divulgação de um laudo falso apontando o envolvimento de Guilherme Boulos, do PSol, com cocaína. Boulos está no segundo turno em São Paulo, mas com chances remotas de vitória, tamanho o conservadorismo dos eleitores paulistanos, bem mais alinhados à direita.
Sem Bolsonaro, a direita tem um candidato para enfrentar Lula em 2026: Tarcísio de Freitas, do Republicanos, atual governador de São Paulo. Os conservadores não tão radicais têm incensado o nome dele como político moderado, que compartilha do pensamento anti-esquerda, mas não é radical como os bolsonaristas. Porém, Marçal também é uma ameaça a voos mais altos do governador, que surge com 15% das intenções de voto.
É certo que a direita está mais forte do que nunca no Brasil. Saiu vitoriosa em quase 4 mil dos 5,6 mil municípios do país. Contudo, precisará de muita união para que Pablo Marçal não seja um empecilho na caminhada rumo ao Palácio do Planalto. Bolsonaro já avisou a aliados que o coach não está nos planos dele. Portanto, é esperar como os extremistas vão se digladiar nos próximos meses e saber como reagirá o eleitor. O Brasil, realmente, não é para amadores.