Suplementos, ensino, enfermeiros: as palavras que distinguem o OE2025

Uma análise textual do documento mostra de forma clara como o Orçamento do Estado para 2025 reflecte os primeiros meses do Governo de Luís Montenegro.

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O Orçamento do Estado para 2025 foi apresentado esta quinta-feira Nuno Ferreira Santos
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Em 469 páginas de textos, quadros, gráficos e estratégias, o que mais sobressai da proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) apresentada esta quinta-feira pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento? A partir de uma análise puramente textual, o primeiro orçamento de direita em nove anos destaca-se dos dois últimos orçamentos socialistas – mas também há pontos em comum.

Dissecando as mais de 145 mil palavras (e quase 880 mil caracteres) que compõem o corpo de texto do OE2025 – isto exclui índices e anexos – os principais termos utilizados não diferem muito, numa análise superficial. Uma conclusão não muito surpreendente, considerando a proximidade que existe em vários pontos entre os dois partidos mais ao centro do espectro político nacional. Mas já lá vamos.

Uma análise mais aprofundada ao texto permite perceber quais os termos no OE2025 que mais se destacam em relação aos orçamentos anteriores. É aqui que vemos um reflexo do que têm sido os primeiros meses do Governo de Montenegro: em comparação com os OE2024 e OE2023, as palavras que mais se destacam no documento para 2025 são encabeçadas por “suplemento”, numa lista que conta com vários termos relacionados com educação, enfermeiros, jornalismo e emigração.

O termo “suplemento”, por exemplo, é encontrado 30 vezes no corpo de texto do OE2025. Não é uma frequência significativa se considerarmos as 145 mil palavras que o compõem, mas destaca-se por ser muito mais utilizado este ano que nos anteriores (nenhuma vez em 2024 e apenas duas vezes em 2023). A razão está nos últimos meses de acção do Governo, que negociou o aumento dos suplementos nas Forças Armadas e forças de segurança.

Na educação, as palavras “aulas” e “MECI” (sigla para Ministério da Educação, Ciência e Inovação) ocupam o segundo e quarto lugares desta lista. O documento conta com várias menções ao problema do elevado número de alunos sem aulas e aborda vários temas da área educativa, desde a revisão das competências dos serviços do ministério até à melhoria das aprendizagens.

A análise ao OE2025 mostra ainda destaque para a palavra “enfermeiros” – com quem também foram negociados acordos – assim como referências mais frequentes a “jornalismo” que nos dois últimos orçamentos. Nos 25 primeiros resultados desta análise é possível ainda encontrar “AIMA”, sigla para a recém-criada Agência para a Integração, Migrações e Asilo, e ainda o termo “emigração”, sempre referido relativamente à saída de jovens e dos mais qualificados.

E por falar em juventude, quão frequente é o par de palavras IRS Jovem? É mencionado apenas nove vezes no corpo de texto do OE2025, bem longe dos pares de palavras mais comuns. Neste aspecto, a comparação de orçamentos é algo infrutífera.

As combinações de palavras mais comuns são muito semelhantes em todos os orçamentos: “políticas públicas”, “programas orçamentais” e “administrações públicas” compõem o pódio nos três anos analisados, e os restantes 20 pares mais utilizados não fogem muito à regra. O padrão é semelhante se olharmos para as palavras mais utilizadas individualmente: despesa e públicas lideram a contagem nos três documentos analisados.

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