Israel usou armamento norte-americano em ataque que matou 22 pessoas em Beirute

É a primeira vez desde 2006 que é confirmado o uso de armamento norte-americano num ataque ao centro de Beirute. Pelo menos 117 pessoas ficaram feridas.

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Equipas de resgate tentam encontrar vítimas entre escombros, após o ataque israelita a Beirute nesta quinta-feira EPA/WAEL HAMZEH
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As munições usadas no ataque israelita que atingiu o centro de Beirute, capital do Líbano, nesta quinta-feira e matou 22 pessoas eram de fabrico norte-americano, noticia o The Guardian.

O ataque ocorreu na noite desta quinta-feira, 10 de Outubro, e atingiu uma zona residencial no bairro de Basta, Beirute. Foi o ataque mais mortífero à capital do Líbano desde o início dos confrontos entre as Forças de Defesa de Israel e o Hezbollah, na fronteira entre os dois países, há um ano.

É também a primeira vez desde 2006 que é confirmado o uso de armamento norte-americano num ataque ao centro de Beirute.

O objectivo israelita seria a morte de Wafiq Safa, um dos líderes do Hezbollah, responsável pelo diálogo com os serviços secretos libaneses. De acordo com a Reuters, Wafiq Safa sobreviveu à tentativa de assassinato.

Jornalistas do The Guardian em Beirute conseguiram recuperar um fragmento de uma das bombas lançadas por Israel entre escombros dos edifícios atingidos, a partir do qual foi possível concluir que se tratava de armamento de fabrico norte-americano.

Segundo a análise de um especialista em armamento da Human Rights Watch e de um antigo técnico das forças armadas norte-americanas, ouvidos pelo diário britânico, o fragmento encontrado faz parte de uma Munição Comum para Ataque Directo (JDAM, na sigla original). Na prática, são dispositivos que tornam bombas convencionais em munições de alta precisão, guiadas via satélite.

“A utilização destas armas em áreas densamente povoadas, como esta, coloca civis e alvos civis em elevado risco de danos directos e duradouros”, considerou Richard Weir, da Human Rights Watch. No ataque desta quinta-feira, 22 pessoas morreram e pelo menos 117 ficaram feridas.

Para lá de Beirute, o armamento norte-americano tem sido utilizado por Israel em sucessivos ataques à Faixa de Gaza e ao Sul do Líbano no último ano, incluindo contra campos de refugiados e edifícios protegidos pela bandeira das Nações Unidas. Apesar de o seu uso contra civis estar documentado, os Estados Unidos não travaram o envio de armamento para Israel durante o último ano.

Ainda que só esta sexta-feira se tenha confirmado o recurso a armas enviadas por Washington num ataque à capital libanesa, também já foi noticiada pela imprensa internacional, incluindo pelo Washington Post, a suspeita de que o mesmo tipo de munições terá sido usado no ataque que matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a 27 de Setembro, também em Beirute.

Só desde 23 de Setembro deste ano foram mortas mais de 1350 pessoas no Líbano e feridas mais de 3800, vítimas de ataques israelitas.

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