Furacão Milton: com 16 mortos, Florida calcula prejuízos sob uma tempestade política

Furacão Milton causou pelo menos 16 mortos, inundações e tornados. Candidatos presidenciais Trump e Harris trocam acusações antes das eleições de Novembro, politizando a resposta à catástrofe.

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Passagem do furacão Milton em South Daytona, na Florida, deixou várias casas destruídas Nadia Zomorodian/News-Journal / VIA REUTERS
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O estado norte-americano da Florida amanheceu nesta sexta-feira a remover árvores e cabos de energia derrubados e a limpar bairros inundados após a passagem do furacão Milton, um fenómeno climático extremo que provocou a morte de pelo menos 16 pessoas.

Embora o Milton não tenha provocado a catastrófica onda marítima que se temia na Florida (um dos muitos estados atingidos pelo furacão Helene há cerca de duas semanas), a operação de limpeza pode levar muitas semanas ou meses para algumas comunidades.

“Esta situação abre-nos os olhos para o que a Mãe Natureza pode fazer”, disse Chase Pierce, de 25 anos, da zona oeste de São Petersburgo, que, com a namorada, viu transformadores explodirem, faíscas saltarem pelo ar e um cabo eléctrico cair no quintal.

Milton, o quinto furacão mais intenso do Atlântico de que há registo, poderá custar às seguradoras até 100 mil milhões de dólares (cerca de 91 mil milhões de euros), segundo os analistas. A Casa Branca prometeu apoio governamental, uma vez que a extensão total dos danos ainda está a ser avaliada.

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Aluimento de terra em Punta Gorda, na Florida, EUA, esta quinta-feira REUTERS/Ricardo Arduengo

Politização das catástrofes climáticas

O candidato republicano Donald Trump, que está atrás da actual vice-presidente democrata Kamala Harris, de acordo com as recentes sondagens Reuters/Ipsos antes das eleições presidenciais de 5 de Novembro, atacou os seus adversários pela forma como lidaram com os esforços de recuperação da tempestade.

“O governo federal [...] não fez o que devia estar a fazer, em particular no que diz respeito à Carolina do Norte”, afirmou Trump na quinta-feira. A Carolina do Norte foi duramente atingida pelo Helene, e Trump enfrenta aí uma batalha renhida contra Harris.

Kamala Harris, que disse que Trump está a espalhar mentiras sobre a resposta do governo, respondeu à politização da questão durante um evento na Univision na quinta-feira. “Infelizmente, temos visto nas últimas duas semanas, desde o furacão Helene, e agora no rescaldo imediato de Milton, que as pessoas estão a fazer jogos políticos”, disse, sem nomear Trump.

Os políticos de ambos os quadrantes estão profundamente conscientes de como os índices de aprovação do presidente republicano George W. Bush caíram depois de o furacão Katrina ter devastado Nova Orleães em 2005; nunca se recuperou de uma resposta considerada inadequada por muitos na época.

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Funcionária da Casa Branca observa transmissão de uma conferência na qual a vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência, Kamala Harris, discute as medidas de prevenção para o furacão Milton REUTERS/Nathan Howard

A administração Biden disse que a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês) precisará de financiamento adicional do Congresso, onde os republicanos controlam a Câmara e os democratas controlam o Senado, e instou os legisladores, que estão em recesso, a agir.

Os tornados mortais

Os habitantes da Florida dizem ter passado por uma dupla catástrofe. Enquanto o Milton chegou à costa ocidental do estado na noite de quarta-feira (madrugada de quinta-feira em Portugal), alguns dos seus piores estragos foram causados a mais de 160 quilómetros de distância, ao longo da costa leste do estado.

Houve pelo menos 16 mortes relacionadas com o furacão, segundo o canal noticioso CBS News, que cita as autoridades locais da Florida. No condado de Santa Lúcia, uma enxurrada de tornados matou várias pessoas, incluindo pelo menos duas na residência de idosos de Spanish Lakes, de acordo com as autoridades locais.

Entre Siesta Key e Fort Myers Beach, os níveis máximos de água atingiram 1,5 a 3 metros acima do nível do solo, de acordo com uma análise preliminar publicada pelo Centro Nacional de Furacões.

Cerca de 2,75 milhões de residências e empresas na Florida ficaram sem energia na quinta-feira, de acordo com o portal PowerOutage.us. Há quem esteja há dias à espera que a energia seja restabelecida depois de o furacão Helene ter atingido a região.

O governador da Florida, Ron DeSantis, advertiu na quinta-feira que, embora o estado tenha escapado ao “pior cenário possível”, os danos ainda assim eram significativos.

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