Incêndios: mais de um terço dos incêndios deste ano foram originados por fogo posto

Segundo a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, 35% dos fogos foram originados por incendiarismo, 28% começaram com queimas e queimadas e 15% foram acidentais.

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Os incêndios florestais da terceira semana de Setembro consumiram cerca de 135 mil hectares Paulo Pimenta
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Mais de um terço dos incêndios florestais registados este ano tiveram como causa o incendiarismo, avançou nesta quarta-feira a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, revelando que só no distrito de Viseu arderam quase 50.000 hectares. Na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Blasco, disse aos deputados que neste momento existe já "um pré-levantamento de como foram e por quem foram praticados os crimes de fogo posto".

Segundo a ministra, 35% dos fogos registados este ano e até 7 de Outubro tiveram como causa o incendiarismo por imputáveis, que foram assim responsáveis por 79.118 hectares de área ardida. Além desses, 28% dos incêndios, que corresponderam a 20.950 hectares, tiveram como origem queimas e queimadas; 15% foram acidentais e 9% reacendimentos.

A governante indicou também que o distrito com maior número de incêndios florestais este ano foi o Porto, num total de 1390.

Em relação à área ardida, acrescentou, Viseu destaca-se com 49.558 hectares, seguido de Aveiro (cerca de 27 mil hectares) e Porto (20.217 hectares). "Estes são dados provisórios que estão ainda em pré-validação no sentido de confirmação total", disse a ministra, referindo que, perante estes dados, "pretende-se fazer uma investigação no sentido de se ver em que termos estes números existem, qual a intenção, se foi dolo ou com negligência".

Nesse sentido, a ministra adiantou que foi constituída uma equipa pluridisciplinar que inclui a PSP e a GNR, que fazem as acções de proximidade e vigilância, e a Polícia Judiciária.

Na audição pedida pelo PS e PCP, Margarida Blasco não avançou qual o total da área ardida este ano. Segundo o sistema europeu Copernicus, os incêndios florestais da terceira semana de Setembro consumiram cerca de 135.000 hectares, elevando a área ardida este ano em Portugal para quase 147.000 hectares, a terceira maior da década.

Questionada sobre os incêndios florestais que lavraram no país na terceira semana de Setembro, e que provocaram nove mortos, a ministra remeteu informações para o dia 22 de Outubro, quando vai estar novamente na Assembleia da República para uma audição regimental. Margarida Blasco disse ainda que nessa altura já terá o relatório final da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) sobre "o que correu bem ou mal" nos fogos de 2024.

A audição da ministra da Administração Interna, na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, foi pedida pelo PCP, visando discutir sobre os meios de protecção civil disponíveis para o combate aos fogos rurais nos meses de Verão de 2024, e pelo PS, sobre a gestão dos meios de protecção civil no incêndio ocorrido, em Agosto, na Madeira.