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Universidade Nova quer atrair aposentados brasileiros
Programa da Universidade Nova de Lisboa foca pessoas com tempo disponível e interesse em ouvir e debater com especialistas. Cursos têm palestras, debates e workshops, mas não dão grau acadêmico.
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A Universidade Nova de Lisboa lançou um programa de cursos de curta duração para aposentados ou residentes estrangeiros em Portugal. O Nova Open Academy é voltado para pessoas com mais de 50 anos, que tenham interesse em se contactar com o quadro docente de uma das universidades mais importantes do país. No programa, já disponível no site da universidade, constam palestras, grupos de discussão, workshops e inclusive uma viagem ao Egito com pesquisadores da universidade.
“Nós temos a consciência de que faz parte da missão da universidade partilhar o conhecimento. Percebemos que há pouca oferta para pessoas que tenham verdadeira curiosidade intelectual e que queiram ter um posicionamento mais ativo nessa fase da sua vida. A comunidade brasileira é muito representativa em Portugal, com muitos já aposentados, e esses cursos são perfeitos para pessoas nesse momento de vida. Como também para os mais novos, todos são bem-vindos”, explica o vice-reitor João Amaro de Matos.
A programação está dividida em quatro períodos de dois meses. Para poder entrar nos cursos, os interessados devem primeiro se inscrever no programa, o que implica o pagamento de 50 euros (R$ 300,00) por semestre ou 75 euros (R$ 450,00) por ano. A partir da inscrição, os participantes escolhem o formato das aulas e os temas que interessam. As palestras custam 70 euros ((R$ 420,00). Os debates 100 (R$ 600,00) e os workshops com 4 horas, 400 euros (R$ 2.400,00). Perguntado se esses valores não são excessivos numa universidade pública, o vice-reitor fez uma comparação: “um personal numa academia custa entre 35 a 50 euros por hora. As pessoas, que podem, pagam isso. Podemos dar descontos e bolsas a quem tem uma aposentadoria mais baixa, por exemplo. Pense nisto como um programa de EPT, Educational Personal Trainer altamente qualificado, sobre assuntos não triviais - uma fuga à vulgarização do conhecimento assumido nas redes sociais”.
A Nova atua em nove áreas de conhecimento. Três na área da saúde, três na área de ciência e tecnologia, três na área de ciências sociais. “Com toda a estrutura que possuímos, nós podemos ter cursos sobre vários assuntos, integrando aspectos e perspectivas diferentes sobre os temas. Temos um enorme potencial de oferecer cursos com uma perspectiva de interdisciplinaridade”, comenta Amaro de Matos.
Responsável pela área do ensino, o vice-reitor explica que formulou o programa pensando nas pessoas que querem continuar a aprender e que normalmente não têm acesso ao ambiente acadêmico. “Nós montamos um projeto piloto que gostaríamos que tivesse sucesso. Tem aulas de duas horas, em grupos de, no máximo, 30 pessoas, em que o professor fala e no final as pessoas podem fazer algumas perguntas. Em outro tipo de classe, a discussão é introduzida enquanto é apresentado o tema. Nesse formato, as turmas são menores para permitir uma participação mais ativa”, explica.
Temas variados
Os cursos que estão sendo oferecidos envolvem várias faculdades da universidade, explica Amaro de Matos. “Temos um leque grande de escolhas. Na área do Direito, Medicina Tropical, Saúde, Engenharia, Ciência e Tecnologia, Ciência Social e Ciência Política. Há cursos com temas da atualidade. Por exemplo, o conflito entre Israel e os palestinos. Os riscos da eleição do Trump versus Kamala, nos Estados Unidos. É importante que você tenha alguém que possa explicar qual é o futuro da OTAN e das relações entre os Estados Unidos e a Europa. Apesar de termos isso na televisão todos os dias, é bom que ouvir a perspectiva de alguém que realmente é capaz de explicar as sutilezas desse conflito.” E prossegue: “todo mundo hoje tem muitas opiniões sobre quase tudo. É importante ter um espaço e um momento para refletir e questionar o seu próprio posicionamento. Nós, muitas vezes, não sabemos a história toda. Eu acho que a inteligência é a arte de repensar. A pessoa verdadeiramente inteligente não aceita nada como definitivo”, observa.
Na área da saúde, o programa propõe uma fusão entre a medicina, a culinária e a nutrição. No formato de workshop, os participantes vão aprender a criar refeições agradáveis ao paladar e que beneficiam a saúde, como, por exemplo, o Cozinha Saudável Para a Longevidade. “Os laboratórios são um pouco mais caros, por envolver o dobro de tempo de duração e os laboratórios devem ter todos os materiais de consumo. Contam com médico, chefe de cozinha e nutricionista na sala de aula. Não é um curso de gastronomia, embora envolva questões alimentares”, explica o vice-reitor.
Viagem ao Egito
Na programação está prevista uma viagem de estudos ao Egito em fevereiro, ao custo de 4.590 euros (R$ 27.540,00) por pessoa, incluindo passagens aéreas, hospedagem em hotéis cinco estrelas e refeições. Com duração de dez dias, oferece uma imersão no Cairo antigo e contemporâneo entre as comunidades muçulmanas, coptas e judias. Inclui visita às pirâmides, à esfinge e ao Museu da Civilização Egípcia. A viagem prosseguirá até Alexandria para conhecer a história greco-romana do Egito.
“Há toda uma parte da história do Egito menos vista nas viagens turísticas, mas nós vamos levar um grande especialista em história antiga para acompanhar os nossos grupos. No Cairo, também teremos uma palestra no campus da Universidade Nova, a única universidade portuguesa que tem um campus fora de Portugal. Depois, seguiremos para Aswan e subiremos o Nilo até Luxor, visitando os vários templos ao longo do caminho. Terminaremos em Luxor e Karnak, no Vale dos Reis. O diferencial aqui é oferecer uma viagem com a marca da qualidade acadêmica e do conhecimento da Universidade de Nova Lisboa”, conclui o vice-reitor.