Lisboa Mistura 2024 vai juntar profissionais e amadores “numa onda mais comunitária”

No próximo domingo, o Cineteatro Capitólio recebe a 19.ª edição do festival Lisboa Mistura. Com, entre outros, Adufe & Alguidar, Coletivo Gira, LisNave, OPA e Litá Folk Band.

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Coletivo Gira, ou o Brasil no Lisboa Mistura deste ano Letícia Diniz
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Pode parecer estranho que uma mesma sala receba, com apenas nove meses de diferença, um festival anual. Mas há uma forte razão para o Lisboa Mistura, que esteve no Cineteatro Capitólio em Janeiro, nos dias 20 e 21, voltar à mesma sala agora em Outubro, já no próximo domingo, 13 de Outubro. É que o encontro de Janeiro era afinal o do ano passado, marcado para Setembro de 2023 e adiado devido às más condições meteorológicas (porque estava programado para um espaço ao ar livre). Sob o tecto do Capitólio, mesmo que chova, isso não implicará adiamentos. Eis-nos, portanto, na 19.ª edição.

Desta vez, o festival será concentrado num só dia, não só por restrições financeiras mas também porque esta concentração permite uma maior convivência e troca de experiências entre todos os envolvidos. No cartaz deste ano estão os portugueses Adufe & Alguidar (15h), os ucranianos Litá Folk Band (15h45), os africanos Mick Trovoada, Mbalango, Demba Diabaté e Overzak (16h30), os brasileiros do Coletivo Gira (17h15), o cabo-verdiano Memé Landim (18h), o guineense Guto Pires e respectiva banda (18h45), o projecto LisNave, que reúne o rapper Valete, o saxofonista Carlos Martins, o guitarrista Jerry Bidan, o baixista Francisco Rebelo, o percussionista Iuri Oliveira e o baterista Alexandre Frazão (19h30) e, por fim, o colectivo OPA - Oficina Portátil de Artes (20h15). Além de Contos Tradicionais do Mundo pela argentina Catalina Figini e um mercado de artesanato.

Organizado pela Associação Sons da Lusofonia e pela EGEAC Cultura em Lisboa, o Lisboa Mistura continua a apostar no encontro das culturas que se cruzam na capital. “Quisemos ir buscar um pouco daquilo que se passa em Lisboa, entre aquilo que é o panorama profissional e o panorama amador”, explica ao PÚBLICO Carlos Martins, fundador e programador da iniciativa. “E quisemos juntar essas duas coisas numa onda mais comunitária. Ou seja, tentar que as pessoas que nunca tiveram acesso a um palco principal possam aceder a ele e também que se pudessem organizar de forma a constituírem um grupo, um projecto inovador onde possam fazer o que não fazem normalmente.”

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Os Adufe & Alguidar serão so primeiros a actuar Luisa Baeta

Nestes colectivos entram por exemplo, o trabalho de Mick Trovoada com Mbalango, Demba Diabaté e Overzak, tal como entra o grupo LisNave ou a OPA. “Porque é o resultado de uma open call e é a grande apresentação da OPA em Lisboa, todos eles jovens nunca estiveram noutra fornada”, diz Carlos Martins. “Por um lado, é uma espécie de encomendas; e por outro é um pedido a certas comunidades presentes em Lisboa para que pudessem apresentar alguma coisa mais especial.”

O projecto LisNave é já, de alguma forma, um embrião para a celebração dos 30 anos da Sons da Lusofonia, que se assinalarão em 2025, e com orquestra. “Vamos ter três mulheres convidadas para esse programa, num projecto que junta instrumentistas, spoken word e hip-hop”, diz Carlos Martins. Esta celebração, ainda sem data marcada, deverá ocorrer no último trimestre do próximo ano.

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Guto Pires DR

A preparação do Lisboa Mistura deste ano correu bem, diz Carlos Martins: “Felizmente, e graças ao apoio da DGArtes, temos a possibilidade de ter uma estrutura que produz autonomamente. E temos a possibilidade trabalho num sítio fechado, o que é sempre mais seguro, porque no ano passado tivemos de adiar por causa da chuva.” Desta vez, com sala garantida, não existe essa ameaça: “E, além dos músicos, isso é bom porque cada grupo traz a sua comunidade e acabam por se juntar ali. O que não acontece em Lisboa, porque cada um vive no seu bairro e não se desloca aos outros sítios.

Por isso, diz, todas as possibilidades que temos de celebrar esta mistura, esta união de pessoas, são importantes, numa cidade onde se vive de costas uns para os outros. É importante parar um bocado, ter um bocadinho menos de pressa, e ficar a escutar os outros, a falar e a ouvir opiniões. Tudo isto é cada vez mais importante num mundo em que a extrema-direita e os medos se espalham e em que, na imigração, as pessoas que não sejam brancas, portuguesas e de um certo nível, são maltratadas.”

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