Processo de destituição de Macron rejeitado na Assembleia Nacional francesa
A moção foi rejeitada pela Conferência de presidentes dos grupos parlamentares, que recusaram a inscrição da moção na ordem do dia. França Insubmissa promete insistir no assunto.
O processo de destituição ao Presidente francês Emmanuel Macron proposto pelo partido de esquerda França Insubmissa foi rejeitado definitivamente esta terça-feira pela Assembleia Nacional francesa, esgotando-se um dos procedimentos que a esquerda tinha levantado depois de Emmanuel Macron ter nomeado Michel Barnier como primeiro-ministro.
A proposta, que tinha sido aprovada no primeiro passo do processo na mesa da Assembleia Nacional, já tinha sido rejeitada na semana passada pela Comissão de Leis, a comissão parlamentar competente. No entanto, a proposta podia, ainda assim, ser analisada no plenário, sendo o voto na comissão facultativo.
O procedimento tinha só o apoio da França Insubmissa, partido de Jean-Luc Mélenchon, que tinha apresentado a proposta depois de Macron ter nomeado Michel Barnier em vez da candidata proposta pela lista vencedora das eleições legislativas de Julho, a frente da esquerda unida na Nova Frente Popular.
A última machadada foi dada na Conferência de Presidentes da Assembleia Nacional, que junta os líderes de todos os grupos parlamentares da câmara baixa do Parlamento francês. O centro e a direita, segundo o órgão La Nouvelle République, votaram contra a inscrição do debate na ordem do dia, incluindo os três grupos macronistas, a Direita Republicana (ex-Os Republicanos anti-Le Pen) e o grupo UDR (ex-Os Republicanos pró-Le Pen). A extrema-direita da União Nacional, cuja líder parlamentar é Marine Le Pen, absteve-se da proposta.
“Todos os grupos da Nova Frente Popular votaram a favor”, afirmou, numa conferência de imprensa, a presidente do grupo parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, que ironizou com a abstenção da União Nacional.
“A senhora Le Pen absteve-se corajosamente. É graças ao grupo da União Nacional que Emmanuel Macron não terá de suportar um debate sobre o seu comportamento perigoso e errático ao não respeitar o resultado das urnas”, acrescentou Panot.
Apesar das esquerdas se apresentarem unidas, esta união dividiu-se neste procedimento de destituição. Só os grupos parlamentares da França Insubmissa, do Partido Comunista Francês e dos Ecologistas apoiaram o voto favorável na comissão.
Apesar desta rejeição, o grupo da França Insubmissa promete não abandonar a ideia de destituir o Presidente francês.
"Não desistiremos: voltaremos a apresentar uma resolução até que a destituição seja debatida na Assembleia Nacional", prometeu o coordenador do partido, Manuel Bompard, que acusou Le Pen e os grupos que apoiam Macron de estarem em conluio para manter o Presidente no poder.
"Marine Le Pen e os macronistas acabaram de combinar o bloqueio do debate na Assembleia Nacional sobre a destituição de Emmanuel Macron", acusou o coordenador da França Insubmissa, que acusou a União Nacional de ser "o seguro de vida de Macron".
Resta apenas a moção de censura ao novo Governo, apresentada e apoiada por toda a Nova Frente Popular, que será votada esta terça-feira, no plenário da Assembleia Nacional.