China impõe pagamento de caução à entrada de brandy europeu
Medida, apresentada como temporária e por suspeita de vendas abaixo do preço de custo, começa no dia 11, após a UE ter decidido aplicar taxas aduaneiras aos carros eléctricos chineses.
A China vai obrigar as empresas que importem brandy europeu para o seu país a pagarem uma espécie de caução no valor de 34,8% a 39% da encomenda. A medida, de acordo com o Ministério do Comércio chinês, citado pela Reuters, entrará em vigor no próximo dia 11 deste mês, sexta-feira, e é apresentada como algo provisório, embora não haja detalhes sobre como é que o montante dos depósitos, que dificultará as encomendas, será recuperado.
De acordo com a Reuters, um dos países europeus será a França, produtora do conhaque (do nome da região francesa onde a bebida é produzida), responsável por cerca de 99% das importações chinesas de brandy no ano passado, no valor da ordem dos 1,7 mil milhões de dólares. As marcas com maiores cauções, refere a Reuters, são a Hennessy e a Remy Martin, com taxas de 39% e de 38,1% do valor da importação, respectivamente.
A medida de Pequim surge após a União Europeia ter decidido aplicar taxas aduaneiras aos veículos eléctricos chineses. Segundo as autoridades de Pequim, que já tinham este sector na mira, o brandy europeu está a ser vendido na China a valores abaixo do seu custo de produção, provocando “danos substanciais” nos produtores locais.
O Ministério do Comércio chinês sublinhou também que ainda estão a decorrer as investigações sobre as importações de produtos europeus de porco, e que, no final do processo, serão tomadas decisões “objectivas e justas”. Além disso, Pequim adiantou que poderá haver um aumento das tarifas aplicadas a veículos de alta cilindrada produzidos na Europa.
O Bureau National Interprofessionnel du Cognac (BNIC), organismo que representa a indústria do conhaque, já se mostrou contra as medidas das autoridades chinesas. “Deve ser feito tudo para evitar a aplicação destas medidas”, afirmou à Reuters um porta-voz do BNIC, sublinhando que esta é uma estratégia de reacção à imposição de tarifas aos carros eléctricos chineses.
No dia 4 de Outubro, o BNIC tinha emitido um comunicado, a propósito da decisão da UE sobre os veículos chineses, no qual deu nota de que essa decisão dava espaço à concretização da ameaça de Pequim de aplicar uma sobretaxa sobre as exportações desta bebida para a China.
O anúncio já penalizou as acções das empresas que detém as principais marcas de brandy, com a Remy Cointreau a perder 7% e a Pernod Ricard (dona do Martell) a descer 3,8% esta manhã (pelas 10h30).