Ministra diz que novo hospital de Lisboa vai ser “conquista assinalável” para os utentes
Obra orçada em 380 milhões de euros, com um financiamento de até 100 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), deverá estar executada até ao final de 2026.
A ministra da Saúde defendeu esta segunda-feira que o novo Hospital de Todos-os-Santos será uma "conquista assinalável" para os utentes, permitindo ainda à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa passar a dispor de um hospital-âncora.
"Para os doentes, para os cidadãos, a construção do novo hospital será uma conquista assinalável", uma vez que vai disponibilizar recursos e tecnologia renovados, um acesso melhorado e um aumento de eficiência, afirmou Ana Paula Martins no lançamento da obra de 380 milhões de euros, com um financiamento de até 100 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para ser executado até ao final de 2026.
O novo Hospital de Lisboa Oriental, que será construído em Marvila por um consórcio liderado pela Mota-Engil, terá três edifícios ligados entre si, ocupando uma área de 180 mil metros quadrados e uma capacidade total de internamento de 875 camas.
À margem do lançamento da obra, a governante explicou que, em situações de contingência, o hospital poderá atingir "as 1075/1078 camas".
"Este hospital, pelo programa muito avançado que nós pretendemos que tenha, vai também contar com novos modelos de prestação de cuidados, ambulatorização de cuidados, portanto, mais cirurgia de ambulatório, mais apoio domiciliário, mais hospitalização domiciliária, e também com maior eficiência daquilo que são os tempos da alta dos doentes", realçou.
Vai substituir as unidades hospitalares que compõem actualmente a Unidade Local de Saúde São José e que estão dispersas pela cidade de Lisboa: hospitais de São José, Santo António dos Capuchos, Santa Marta, Curry Cabral e Dona Estefânia e a maternidade Alfredo da Costa.
O modelo contratual para a construção do Hospital Lisboa Oriental consiste numa parceria público-privada (PPP) para a sua construção e manutenção, mas terá uma gestão clínica pública.
"Os ganhos são de tal dimensão que ninguém consegue entender como só agora é possível concretizar este hospital", afirmou Ana Paula Martins, ao adiantar que a nova unidade permitirá ainda, passados quase 50 anos, à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa "ter um hospital âncora".
"Um facto estratégico pela qual esta escola médica sempre lutou e pelo qual também aqui hoje reafirmo o imperativo desta relação entre hospital e escola médica", salientou a ministra durante o lançamento da obra.
Segundo Ana Paula Martins, a relação do novo hospital com a academia e com outras instituições de ensino nacionais e internacionais permitirá ainda desenvolver "um processo de crescimento colaborativo" que lhe permitirá se posicionar entre os "melhores e mais modernos da Europa e do Mundo".
A ministra salientou também que "passaram-se muitos anos" no processo de construção do novo hospital, recordando que hoje "termina esta caminhada que, no limite, se iniciou em 1775 (após o terramoto em Lisboa) ou para os mais optimistas em 1979 ou 2008".
Ana Paula Martins adiantou ainda que a actuação do Ministério da Saúde está centrada em "garantir a sustentabilidade do SNS", em paralelo com a manutenção dos padrões de qualidade e excelência.
"Desafios que o Governo defende como inequívocos e que tudo faremos para colocar o nosso país acima dos valores da média da União Europeia", afirmou a ministra, ao salientar que essa é uma "obra para um mandato ou talvez mesmo para mais".
Recusa que aumentos visem "paz social"
Na mesma ocasião, o primeiro-ministro assegurou que o actual executivo PSD/CDS-PP "não é um Governo liberal do princípio ao fim", mas social-democrata e democrata-cristão, e vê no SNS "a trave-mestra" do sistema de saúde, reiterando que este Governo "não tem estigmas" quanto à prestação de cuidados de saúde.
"Lá onde o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não tem capacidade de responder melhor, mais depressa, nós vamos à procura dessa resposta no sector privado e no sector social", disse.
"Mas não se enganem, este não é um Governo liberal do princípio até ao fim, este é um Governo social-democrata e democrata-cristão e é um governo que não tem dúvidas: a estrutura do sistema de saúde é o SNS e está provado que o SNS tem capacidade para ser essa estrutura, esse esteio principal", disse.
Montenegro quis também responder aos que entendem que os vários acordos de valorização de carreiras que o executivo PSD/CDS-PP assinou nos primeiros seis meses do seu mandato servem apenas para aumentar a paz social.
"Eu sei que pode parecer que fizemos, aparentemente, o mais fácil e que esses entendimentos se circunscreveriam a questões laborais. É um erro pensar-se assim. O facto de nós termos valorizado as carreiras da administração pública (...) é uma decisão estrutural e estratégica", disse.
O primeiro-ministro defendeu que "sem bons recursos humanos não há boa administração pública" e considerou que estas valorizações visam garantir o cumprimento dos serviços públicos "a médio e longo prazo".
"Não é a pensar naquilo que acontecerá já no dia de amanhã, se calhar nem é para a vigência deste Governo e dos próximos. (...) Aqueles que possam ver - como vejo muitas vezes aí dito e escrito até na minha área política - apenas o efeito imediato de haver mais paz social, acreditem que as decisões que estamos a tomar e que continuaremos a tomar é no sentido de estratégica e estruturalmente preparar o país para as próximas décadas", afirmou.
Numa cerimónia em que discursou também a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o primeiro-ministro disse não haver "dúvida nenhuma" que o Hospital de Todos os Santos irá melhorar "de uma forma muito significativa as oportunidades de tratamento, de cuidar da saúde das pessoas".
"Nós precisamos de ter bons equipamentos, bons profissionais, uma boa conciliação de todas as capacidades instaladas, mas sempre com um foco que é servir as pessoas (...) Este equipamento, para além de concentrar várias das ofertas de saúde que hoje estão disseminadas em muitas unidades, vai oferecer mais qualidade", disse, considerando que esta unidade vai ajudar a reter "talento e capital humano" no SNS.