Ucrânia ataca Crimeia e trava mísseis russos hipersónicos contra Kiev em hora de ponta

Defesa antiaérea ucraniana voltou a conseguir travar os “punhais” que Putin considerava imbatíveis horas depois de Kiev ter incendiado um terminal de petróleo na Crimeia.

Foto
A Rússia tem lançado mísseis Kinzhal sobre a Kiev desde o início da invasão da Ucrânia (foto de arquivo) SERGEY DOLZHENKO / LUSA
Ouça este artigo
00:00
04:38

No dia de aniversário de Vladimir Putin, a Rússia lançou mísseis hipersónicos Kinzhal contra Kiev durante a hora de ponta da manhã desta segunda-feira, mas as defesas aéreas ucranianas foram activadas e conseguiram repelir o ataque sem consequências graves. Horas antes, a Ucrânia atingira um terminal de petróleo em Feodosia, na Crimeia, ocupada pela Rússia, obrigando à declaração de um estado de emergência "técnica".

O ataque com os mísseis Khinzal (punhal, em russo), que Putin considerava "imbatíveis" e que podem transportar armas nucleares, foi contido sem que tenham sido registados grandes danos ou vítimas do ataque, disse Serhiy Popko, chefe da administração militar da cidade, citando uma avaliação preliminar.

No entanto, num primeiro momento, Serhiv Popko revelou alguma fragilidade na aplicação de mensagens Telegram: "O alerta de ataque aéreo está ligado! As unidades de defesa aérea não estão a funcionar", escreveu.

Os destroços dos mísseis caíram em três bairros da capital ucraniana durante a hora de ponta. Os escombros danificaram o telhado de um edifício residencial de vários andares no bairro de Solomianskyi, na zona oeste da cidade, e um pedaço de escombros caiu no território de uma escola, informou a administração de Popko. Os destroços dos mísseis também caíram numa área aberta no distrito central de Shevchenkivskyi e danificaram o tejadilho de um carro no distrito de Holosiivskyi, no sul de Kiev.

Um dos mísseis hipersónico russo atingiu a zona da base aérea de Starokostiantyniv, reconheceu Kiev. A força aérea, que raramente divulga danos em alvos militares, não disse se o ataque tinha causado algum dano à base aérea, mas o reconhecimento de um míssil a atingir as imediações da instalação é invulgar. Não se registaram vítimas civis nem danos em infra-estruturas críticas, afirmou o governador Serhiy Tyurin.

O último ataque ao aeródromo de Starokostiantyniv, na região ocidental de Khmelnytskyi, que é frequentemente atacada pela Rússia, ocorreu um dia depois de o ministro da Defesa holandês ter afirmado que os Países Baixos forneceriam à Ucrânia mais jactos F-16 nos próximos meses.

A Ucrânia, que recebeu um lote de F-16 no verão passado, após meses de pressão junto do Ocidente, mantém o paradeiro dos seus aviões de guerra em segredo para os proteger dos ataques de longo alcance que a Rússia tem efectuado em todo o mundo.

As defesas aéreas ucranianas também abateram 32 drones russos e outros 37 foram perdidos nos radares militares, o que sugere que foram desactivados por sistemas de guerra electrónica, disseram as forças aéreas.

A Rússia tem efectuado ataques com mísseis de longo alcance contra a Ucrânia durante toda a guerra que lançou em Fevereiro de 2022. Os ataques com drones tornaram-se regulares, quase sempre nocturnos. A Rússia efectuou um ataque nocturno com drones nas áreas circundantes da capital, disseram as autoridades da cidade. Cerca de 15 drones foram usados no ataque, acrescentaram.

Terminal de petróleo em chamas

O ataque a Kiev aconteceu horas depois de Kiev ter atingido um terminal de petróleo em Feodosia, na Crimeia, ocupada pela Rússia, durante a noite. "O terminal de Feodosia é o maior da Crimeia em termos de transbordo de produtos petrolíferos, que foram utilizados, entre outras coisas, para satisfazer as necessidades do exército de ocupação russo", afirmaram os militares ucranianos numa declaração através da aplicação de mensagens Telegram.

Um estado de emergência "técnica" foi introduzido na cidade de Feodosia, na costa da Crimeia do Mar Negro, devido ao incêndio num depósito de petróleo, disseram esta segunda-feira oficiais nomeados pela Rússia na Península da Crimeia, que Moscovo anexou à Ucrânia em 2014.

As autoridades russas não forneceram detalhes sobre o que causou o incêndio, mas o Ministério da Defesa russo afirmou que as suas unidades de defesa aérea destruíram 12 drones ucranianos sobre o território da Península da Crimeia.

O canal de notícias Baza Telegram, que tem fontes entre os serviços de segurança da Rússia, informou que vários tanques de combustível estavam em chamas em Feodosia depois que os moradores ouviram uma série de explosões fortes.

Não houve vítimas, escreveu Oleg Kryuchkov, um conselheiro do chefe da Crimeia instalado pela Rússia, na aplicação Telegram, citando o chefe da administração de Feodosia. O tráfego de rua em partes de Feodosia foi temporariamente restringido.

Os ataques aéreos e marítimos de drones da Ucrânia contra alvos militares russos na Crimeia ao longo da guerra danificaram ou destruíram vários navios e estaleiros de reparação naval no porto de Sebastopol, na Crimeia, e atingiram outros alvos.

Moscovo usa a sua frota no Mar Negro para lançar ataques de longo alcance contra a Ucrânia. Mas para o Presidente russo Vladimir Putin, as águas que ligam ao Mar Mediterrâneo são também um importante trampolim para projectar poder no Médio Oriente e na Europa.

Notícia actualizada às 11h49 com informações sobre ataque a base aérea ucraniana