MAI ordena inquérito a militar da GNR que causou desacatos em manifestação de grupo extremista

Militar da GNR causou desacatos que envolveram a PSP, na manifestação de sábado, em Guimarães, organizada pelo grupo 1143.

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O autor dos desacato foi identificado como sendo um militar da GNR Rui Gaudêncio (Arquivo)
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A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, ordenou a abertura de um inquérito para “eventuais responsabilidades disciplinares” por parte de um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR) que este sábado participou na manifestação organizada pelo grupo neonazi 1143, em Guimarães, tendo causado desacatos que envolveram a Polícia de Segurança Pública (PSP).

Guimarães foi este sábado palco de duas manifestações de sentidos opostos. De um lado, o grupo nacionalista 1143, de Mário Machado, que celebrava um ano de existência, avançou com a manifestação “Reconstruir Portugal”. A poucos metros do local desta concentração, um grupo mais pequeno de pessoas juntou-se no protesto “Guimarães pela Liberdade”, de cunho antifascista.

Toda a área contou com um forte dispositivo policial, para tentar prevenir eventuais desacatos entre os dois grupos, mas, segundo o comunicado do MAI deste domingo, não terá sido possível evitá-los totalmente, já que um dos manifestantes do grupo neonazi, que se veio a verificar ser membro da GNR, acabaria identificado na sequência de incidentes em que esteve envolvido.

“No decurso da manifestação do grupo 1143 ‘Reconstruir Portugal’, ocorrida ontem em Guimarães, mais precisamente na Travessa dos Barreiros, foi identificado um indivíduo que provocou desacatos que envolveram elementos da PSP”, esclarece o comunicado do gabinete da ministra.

Depois de o autor dos desacatos ter sido identificado como membro da GNR, a ministra “determinou à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito para apuramento de eventuais responsabilidades disciplinares por parte do militar da GNR”, refere ainda o documento.

Em Agosto, Margarida Blasco já determinara à IGAI a abertura de um outro inquérito, precisamente para averiguar eventuais responsabilidades disciplinares de elementos das forças de segurança que participam em protestos organizados por grupos extremistas, como o 1143.

Na altura, fonte do gabinete da ministra disse à agência Lusa que, a confirmar-se a participação de membros das forças de segurança nestas manifestações, se estava perante actos “de extrema gravidade num Estado de direito democrático”. A ordem dada à IGAI ia ainda no sentido de que "todos os processos que já se mostrassem instaurados, à data da abertura deste último, de idêntica natureza a estes militares e polícias, nas respectivas forças de segurança, sejam avocados ao presente processo de inquérito no âmbito da Inspecção-Geral da Administração Interna, para aí serem tramitados".

Também em Agosto, a Google anunciou que tinha limitado o acesso do grupo 1143 aos seus grupos de chat, tendo em conta a disseminação de mensagens de ódio, notícias falsas e ameaças a imigrantes que ali eram veiculadas. O acesso, contudo, não foi vedado na totalidade nem em todas as plataformas digitais, onde o grupo continua a operar.

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