Vinte e cinco anos sem Amália assinalados no Brejão e em Lisboa e com disco no horizonte

Uma sessão especial do programa Em Casa D’Amália e uma homenagem no Living Experience, em Marvila, marcam este domingo os 25 anos da morte da diva do fado. Em Dezembro, haverá novo disco.

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Amália no Teatro Taborda em Lisboa, no início da década de 1960, durante as gravações de Busto VALENTIM DE CARVALHO
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Não há propriamente homenagens ou celebrações oficiais, neste dia em que se completam 25 anos sobre a morte de Amália Rodrigues, ao contrário do que se passou no centenário do seu nascimento, com um vasto programa nos anos 2020 e 2021 apesar dos rigores da pandemia da covid-19. No entanto, a Fundação Amália Rodrigues surge associada a duas iniciativas que, este domingo, pretendem celebrar o legado de Amália no 25.º aniversário da sua ausência física.

A primeira é uma edição especial do programa televisivo Em Casa d’Amália, transmitida em directo pela RTP1 e a começar às 17h, a partir da Herdade do Brejão (agora Herdade Amália), na Costa Vicentina, que durante cerca de 30 anos foi um refúgio de férias para Amália e o marido, César Seabra. Nesta edição especial, com a habitual moderação de José Gonçalez, participam, segundo a informação difundida pela RTP, Jorge Fernando, Raquel Tavares, Mário Pacheco, FF, Lenita Gentil, José Carlos Malato, André Dias, Flávia Pereira, Tomás Marques e Marta Alves.

A segunda é um momento de celebração, pelas 16h, no espectáculo imersivo Ah Amália Living Experience, em Marvila. É anunciado como “a inauguração oficial desta experiência única e inovadora”, embora tal espectáculo já ali esteja patente ao público desde Abril. Ainda assim, há novidades: este domingo, até às 14h, a entrada é gratuita; e durante o resto do mês o preço dos bilhetes baixa de 20 para 12 euros.

O espectáculo Ah Amália — ​Living Experience, que “junta a SP Entertainment e a Fundação Amália Rodrigues”, propõe-se, ao longo de oito salas, num total de 700 metros quadrados, levar os visitantes “a embarcar numa viagem imersiva única pelo espólio material e imaterial da artista”, recorrendo a sons, imagens, instalações cenográficas, realidade virtual, hologramas e videomapping. Tudo isto para “viver a Amália de ontem, de hoje e de sempre”.

As reedições discográficas da obra completa de Amália Rodrigues, que a Valentim de Carvalho tem vindo a fazer ao longo dos anos 2000, também não estão paradas, apesar de não ter havido mais nenhuma após o relançamento de Amália Rodrigues no Japão, em meados de 2022. Em Dezembro, será editado em CD duplo o disco Gostava de Ser Quem Era, de 1980, o primeiro que Amália gravou só com composições suas, sendo uma delas letra e música (Quando se gosta de alguém) e as restantes (Lavava no rio lavava, Teus olhos são duas fontes, Tive um coração perdi-o, Trago fados nos sentidos, etc.) com músicas de Carlos Gonçalves ou Fontes Rocha, que nestas gravações a acompanharam à guitarra, com Pedro Leal na viola e Joel Pina na viola-baixo.

Frederico Santiago, responsável por grande parte destas reedições, diz ao PÚBLICO que o disco, em CD duplo, terá cinco vezes mais material do que o original: “Há muitos inéditos absolutos, tanto de poemas dela como de outras pessoas, coisas que ela nunca regravou ou que, mesmo que tenha regravado, nunca foram editadas. Depois há ensaios, com várias coisas que não chegaram a entrar no disco. Por exemplo: do Carlos Paião, ela não só ensaiou O senhor extraterrestre com guitarras, como também O nosso povo, uma canção que ele fez e que nunca chegou a ser editada.”

Antes destas gravações, Amália teve um problema cardíaco no decorrer de uma actuação no Casino Estoril, em Setembro de 1979. “Desmarcou muitas actuações, até no estrangeiro, nesse final de ano, e conta em entrevistas da época que se virou para juntar versos que tinha, porque percebeu que ali havia coisas para construir um repertório. Nessa altura ela estava muito próxima do Carlos Gonçalves e do Fontes Rocha, acharam que aquilo resultava num disco, e resultou.”

O processo de edição definitiva da obra completa de Amália já conta, até agora, com mais de dezena e meia de títulos, desde o início da década. Eis a lista integral, seguida do ano da sua edição final: Amália 1962, com O disco do Busto, For Your Delight e um terceiro CD intitulado As Óperas (2002, com nova edição, ampliada, em 2021); Com Que Voz (2010, com nova edição em 2019); Cantigas D’Amigos, com Ary dos Santos e Natália Correia (2011); Amália no Olympia (2011; viria a integrar em 2020 a caixa Amália em Paris); Amália no Chiado (2014); Someday (2015); Fado Português (2015); Tivoli 1962 (2015); Amália Canta Portugal (2016); Fados 1967, as sessões com o conjunto de guitarras de Raul Nery (2017); Coliseu, Lisboa, 3 de Abril de 1987 (2017); Amália em Itália (2017); É Ou Não É? — os 45 rpm 1968-1975 (2018); Encontro Amália Don Byas (2018); Amália 1970, Ensaios (2020); Amália em Paris (2020); e Amália Rodrigues no Japão (2022).

Em preparação, depois de Gostava de Ser Quem Era, estão Cantigas Numa Língua Antiga, o concerto no Canecão do Rio de Janeiro ou ainda discos que Amália gravou em Nova Iorque e Paris, nos anos 1950, e nunca tiveram edição oficial em Portugal.

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