Escola: um novo recomeço, cheio de esperança

Voltar a olhar para a educação e a tudo com o que ela se relaciona, sejam recursos humanos ou materiais, é saber que não se constrói valor e competitividade sem conhecimento.

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"A diversidade da oferta passa pelos cursos profissionais e percursos diretos de sucesso" Rui Gaudêncio
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Parece uma redundância, mas não é. O recomeço nas escolas está aí, a acontecer neste momento. E a consciência de um recomeço com algumas diferenças está a acontecer. Parece que desde há uns meses deu-se uma epifania a quem governa e percebeu que muitos dos problemas da educação passa pela valorização dos professores, da profissão docente e da sua carreira.

À boleia deste novo elã vêm novidades como a revisão do Estatuto da Carreira Docente, prometido para este ano. Mais do que tudo, a recuperação do tempo de serviço, foi e ainda está a ser, o grande impacto para este ano lectivo. A aproximação da tutela aos professores tem sido uma realidade, com o esforço das negociações da recuperação do tempo de serviço e também com as mensagens das colocações e com a carta de início de ano do ministro, no e-mail de cada professor.

O artigo do ministro da Educação de 8 de setembro, aqui no PÚBLICO, recentra o discurso na educação como chave e alavanca para a “construção de uma sociedade mais coesa e uma economia competitiva”.

Voltar a olhar para a educação e a tudo com o que ela se relaciona, sejam recursos humanos ou materiais, de forma determinante para o progresso das comunidades e do país, é saber que não se constrói valor e competitividade sem conhecimento. Mais, a educação parece voltar a estar ligada a melhores condições de vida e mais oportunidades de uma vida de sucesso.

As opiniões diversas que se tinham vindo a ouvir, desde há uns anos, que a educação não servia como elevador social e económico como tinha acontecido em meados do século XX, começam a desvanecer-se com esta nova roupagem, que não mais é do que uma atualização de políticas educativas. Este novo olhar de uma ‘escola para todos’, onde a equidade está na ordem do dia, faz-se através da diversidade da oferta e do exercício da autonomia. A diversidade da oferta passa pelos cursos profissionais e percursos diretos de sucesso. O olhar alargado e interdependente que o ministro da Educação dirige entre a educação e a economia, e em fazer adequar a formação e educação “às necessidades dos territórios e das empresas”, não pode nem deve ficar apenas pelos cursos profissionais, mas a toda a oferta educativa.

E é sempre assim, quando queremos investir num setor ‘quase’ que nos esquecemos dos outros, do todo. Alargar o olhar leva-nos a querer que os nossos alunos e jovens profissionais de qualquer área tenham a possibilidade de ter emprego com remunerações dignas que lhes permitam viver em Portugal. E este passo gigante passa por dar condições às empresas que permita pagar salários competitivos com o exterior e que possibilite o acesso à habitação, que com as medidas recentes para acesso aos jovens, ao que parece fez continuar a subida dos preços das casas.

É essencial investir na educação, diversidade de percursos, valorização da carreira docente, em suma voltar a acreditar que não se pode ser e dar quando não se aprendeu e não se tem. E tal como com os professores se foi insistindo em técnicas de trabalho colaborativo e interdisciplinar ao longo destes últimos anos, assim o Governo devia fazer entre as suas diversas áreas de atuação, pois a educação como alavanca social e de desenvolvimento económico para o país, só funcionará se estes alunos e futuros jovens profissionais poderem permanecer no país, e contribuir para a sua economia, experienciando o bem-estar emocional do qual tanto agora se fala e se reclama, do qual as oportunidades de trabalho desafiantes e remuneração adequada fazem parte. E assim a educação será a esperança real das famílias e do país.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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