Pequenos duelos são a chave para o grande duelo entre FC Porto e United

No regresso à Liga Europa, Vítor Bruno quer níveis de intensidade mais altos e desvaloriza o momento negativo dos “red devils”.

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FC Porto tenta emendar a mão depois da derrota na Noruega Mats Torbergsen / EPA
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O que significou para o FC Porto a derrota na jornada inaugural da Liga Europa? Que tem muito a construir em 2024-25 e que está “obrigado” a dar uma boa resposta no jogo de hoje, diante do Manchester United (20h, SPTV). Ou seja, nada de propriamente novo na rotina de um clube com aspirações, forçado pela história a ser competente dia sim, dia sim. Mas o desaire com o Bodo/Glimt pode ter outra camada de interpretação, mais fina, que passa pelo número de duelos ganhos.

Dois dias depois do 3-2 averbado na Noruega, o plantel do FC Porto juntou-se para analisar o encontro. E entre os dados escalpelizados houve um em particular que chamou a atenção do treinador. Vítor Bruno tinha a sensação de que a equipa tinha sido pouco agressiva nos duelos e aproveitou para fazer uma leitura mais transversal, para concluir que as melhores prestações na presente temporada aconteceram em contextos de um maior número de faltas cometidas.

“Fizemos um levantamento e há um indicador fortíssimo para aquilo que é a intensidade num jogo de futebol, que tem a ver com o número de faltas cometidas. Pegámos numa série de jogos e percebemos aqueles em que fomos bem-sucedidos e outros não tão bem-sucedidos em função desse indicador. Isso é sempre um sinal muito forte”, apontou o técnico, na conferência de imprensa de lançamento do encontro.

Nesse parâmetro, o jogo com o Bodo/Glimt até foi equilibrado, mas Vítor Bruno sente que o FC Porto tem de ser capaz de se impor fisicamente, no choque, nas disputas de bola. “Tudo o que é duelos, desafios com adversários directos. Os jogos fazem-se permanentemente de pequenos duelos. Quantos mais ganharmos, mais perto estamos de vencer o jogo”, acrescentou.

Em rigor, a questão prende-se mais com os duelos ganhos e não tanto com as faltas cometidas. Senão vejamos: no único jogo que perdeu a nível interno, em Alvalade, o FC Porto cometeu mais faltas que o Sporting (18 contra 13) mas perdeu nos duelos pelo chão (33 contra 37). E se compararmos os números da presente época com os do Manchester United concluímos que a tendência é a mesma: os “dragões” apresentam uma média de 45,6 duelos ganhos por jogo, contra 47,2 dos “red devils”, enquanto no domínio das faltas cometidas apresentam quase o dobro dos ingleses (14 contra 8,8).

Estes dados abarcam as três competições em que as duas equipas já participaram (campeonato, Liga Europa e Supertaça), sendo que no arranque da prova europeia o United se mostrou bem mais agressivo que o FC Porto, com 54 duelos ganhos contra apenas 41. Uma dimensão insuficiente, ainda assim, para alcançar uma vitória em Old Trafford, diante do Twente (1-1).

Esse empate contribuiu para agravar o estado de desconfiança em redor de Erik ten Hag, treinador que desvaloriza o imediato e aponta mais ao futuro. Certo é que o Manchester United não ganhou nenhum dos últimos três jogos e tem três derrotas somadas nos últimos sete, ocupando o 13.º lugar na Premier League.

Vítor Bruno, porém, não se deixa levar por aparentes sinais de fragilidade, lembra que quem está “com a cordar ao pescoço” é o FC Porto, que ainda não pontuou, e deixa elogios a uma equipa e a um plantel que têm soluções para esbanjar. Uma delas, no entanto, não contará para esta noite, já que Mason Mount (a recuperar de uma lesão na cabeça, depois de um duelo aéreo diante do Tottenham) não viajou para Portugal. Um duelo, lá está, conforme insistiu Vítor Bruno. “Essa tem de ser uma arma fortíssima a ter em todos os jogos”.

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