José Nascimento homenageado pela Cinemateca Portuguesa

Realizador de Repórter X e Tarde Demais em retrospectiva na primeira quinzena de Outubro. Programa mostra ficções e documentários, magazines televisivos e filmes militantes.

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Repórter X, talvez o mais conhecido dos filmes realizados por José Nascimento DR
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Depois de já ter homenageado este ano Monique Rutler ou Fernando Matos Silva, a Cinemateca Portuguesa vira-se agora para José Nascimento (Lisboa, 1949). O realizador de Repórter X e Tarde Demais, e montador de filmes de José Álvaro Morais, Fernando Vendrell ou Augusto Seixas Santos, será alvo de uma extensa retrospectiva durante a primeira quinzena de Outubro. José Nascimento: Nem Verdade, nem Mentira arranca esta terça-feira, pelas 19h — precisamente com a projecção de Tarde Demais em nova cópia digitalizada no âmbito do projecto FILMar —, e prossegue até dia 17.

O título foi sugerido pela inspiração na "vida real" de parte significativa do trabalho de José Nascimento — caso da biografia romanceada de Reinaldo Ferreira, o Repórter X que deu origem à sua primeira longa-metragem de ficção em 1985 (sob os traços de Joaquim de Almeida), ou da história de um naufrágio no Mar da Palha que inspirou Tarde Demais (1999), co-escrito com João Canijo e interpretado por Vítor Norte, Adriano Luz e Nuno Melo.

Para além destes dois títulos, ainda os mais recordados da sua carreira, o programa exibirá igualmente as duas outras longas ficcionais que escreveu para cinema, Lobos (2007), em parceria com Seixas Santos, e Casa Flutuante (2020), bem como os pouco vistos telefilmes Mar à Vista (1989), Hora da Morte (2002) e Rádio Relâmpago (2003). Mostrar-se-ão igualmente os documentários Silêncios do Olhar (2016, sobre José Álvaro Morais), Brisa Solar (2019) e Naçara, uma e Outra Vez (2024), a par de múltiplas curtas-metragens e dos videoclipes que realizou para o álbum 8 (2008) dos Rádio Macau.

Serão ainda exibidos episódios do programa televisivo Écran, que dirigiu para a RTP com Augusto M. Seabra (1955-2024), entre os quais uma emissão dedicada aos 50 anos de carreira de Manoel de Oliveira: passarão numa sessão dedicada pela equipa da Cinemateca ao crítico e fundador do PÚBLICO, a decorrer esta quinta-feira, às 21h30. E também vários dos títulos nos quais trabalhou enquanto integrante do colectivo pós-25 de Abril Cinequipa (casos de Nascer, Viver, Morrer, Paradinha Moimenta da Beira, de 1975, …Pela Razão que Têm!, de 1976, ou Terra de Pão, Terra de Luta, de 1978).

Ao todo, serão três dezenas de títulos de uma obra multifacetada, insuficientemente conhecida, enquadrada pela exibição do filme de José Álvaro Morais O Bobo (1987), de que José Nascimento foi montador.

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