From, a cidade de onde não se pode sair

Passadas duas décadas da estreia de Perdidos, há uma série de ficção científica e terror com veteranos desse clássico da televisão. A terceira temporada chegou aos ecrãs na semana passada.

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Harold Perrineau em From DR
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Lost, ou Perdidos, em português, estreou-se a 22 de Setembro de 2004. Já passaram duas décadas sobre esta série que prendeu pessoas ao ecrã, incapazes de perder um único episódio para poderem estar mais perto de perceber o que se passava na história. Além de uma série de culto, Perdidos deixou também um legado manchado por relatos de um ambiente de trabalho tóxico e racista, que a crítica de televisão Maureen “Mo” Ryan expôs no livro Burn it Down, editado no ano passado.

O actor Harold Perrineau, no elenco desde o início e que já antes tinha aparecido em Fumo, de Paul Auster e Wayne Wang, Romeu e Julieta, de Baz Luhrman, na saga Matrix e na série da HBO Oz, outra influente série para o desenvolvimento da chamada terceira idade de ouro da televisão, foi despedido no final da segunda temporada. Motivo: queixou-se à produção de que a sua personagem era preterida em detrimento dos protagonistas brancos. Perrineau é, desde 2022, um dos protagonistas de From, uma série que chegou agora à terceira temporada e que muito fica a dever a Perdidos na forma como lida com mistério e pessoas presas num sítio por acidente. Os episódios estreiam-se originalmente nos Estados Unidos aos domingos e chegam à Max a cada quinta-feira. O segundo passa esta semana.

Neste caso, em vez de uma ilha, From, que é mais dada ao terror, passa-se numa pequena cidade remota dos Estados Unidos. As personagens, vindas de todo o lado, perdem-se no caminho e ficam presas na cidade. Não é o único problema: à noite, se não estiverem dentro de portas e protegidos por talismãs, os habitantes relutantes da terra são atacados por estranhas criaturas que se fingem humanas. Estas fazem-se passar por dóceis e tentam levar as pessoas a deixarem-nos entrar. O resultado é sempre o mesmo: a morte. Perrineau faz de Boyd, o xerife da cidade. É pai de um filho que também vive na cidade e viúvo de uma mulher que foi perdendo a saúde mental.

John Griffin, o criador de From, tinha já escrito um episódio da versão de 2019 de A Quinta Dimensão. A série conta com nomes que constaram da produção executiva de Perdidos, como o realizador Jack Bender e o argumentista Jeff Pinkner, que gere a escrita de From ao lado de Griffin. Não é que seja uma série igual ou parecida, mas partilham elementos em comum e uma não existiria sem a outra.

O mundo de From tem-se alargado ao longo das temporadas, com o adensamento do mistério. Que raio de sítio é aquele? Porque é que as pessoas que ali chegam de carro não conseguem sair? Porque é que existe ali tanto Mal? Será que há alguma maneira de derrotar as forças que querem matar toda a gente? Estas são apenas algumas das perguntas expectáveis dos espectadores - à medida que algumas vão sendo respondidas, surgem outras no seu lugar.

Nesta terceira época, Boyd lida com o avanço da doença de Parkinson, a chegada do Inverno e a falta de recursos alimentares. Há mais terror, mais coisas horríveis a acontecerem, e parece haver menos esperança. Há reviravoltas e revelações sobre o passado por todos os cantos, especialmente na investigação que a personagem de Catalina Sandino Moreno, que chegou à cidade com o marido e dois filhos no início da série, vai fazendo. O elenco inclui ainda nomes como Eion Bailey, David Alpay, Elizabeth Saunders, Scott McCord ou Ricky He, entre muitos outros. Perrineau e Moreno, a actriz colombiana que em 2005 foi nomeada para um Óscar por Maria Cheia de Graça, de Joshua Marston, são dos mais sonantes.

Na semana passada, a revista Forbes publicou um artigo sobre o quão difícil é assistir a From, apesar da aclamação crítica. É que, nos Estados Unidos, a série, que ficou popular no Prime Video da Amazon, só está disponível via MGM++, o canal e serviço de streaming que, aquando da estreia há dois anos, se chamava Epix. O MGM+ é ele próprio pertença da Amazon, e tem muito menos subscritores. Em Portugal, o problema não se põe: está tudo, e vai estando, disponível na Max. É aproveitar.

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