PS elegeu líderes das 19 federações. Não há nenhuma mulher eleita
A presidente das Mulheres Socialistas contrapõe: “Tivemos listas paritárias ou praticamente paritárias nas eleições legislativas e nas europeias e temos uma líder parlamentar.”
As contas são simples: 19 homens e zero mulheres. As eleições para as federações distritais do PS, que decorreram entre esta sexta-feira e sábado, não deram a vitória a nenhuma mulher, sendo que havia apenas duas candidatas, em Leiria e no Baixo Alentejo, mas ambas perderam a corrida. O partido, que em 50 anos de história nunca teve uma mulher como secretária-geral, soma ainda dois homens à frente das estruturas regionais: Paulo Cafôfo no PS-Madeira e Francisco César com o PS-Açores.
Até estas eleições federativas, as primeiras com Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS, em 19 estruturas apenas uma (Bragança) era liderada por uma mulher (Berta Nunes).
Numa corrida em que apenas oito candidatos foram eleitos pela primeira vez e só em quatro federações havia mais do que um candidato na corrida, só duas mulheres foram a votos.
Em Leiria, o presidente da câmara, Gonçalo Lopes, derrotou a ex-secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, com 58,5% dos votos. À agência Lusa, o autarca considerou que esta foi "uma vitória expressiva". No Baixo Alentejo, Nelson Brito derrotou a ex-deputada Telma Guerreiro, com 61% dos votos contra os 39% registados pela adversária.
O cenário não é muito diferente na presidência das concelhias: nestas estruturas, só cerca de 20% são conduzidas por mulheres.
"Nenhuma porta está fechada"
Ao PÚBLICO, Elza Pais, presidente das Mulheres Socialistas e antiga secretária de Estado da Igualdade do XVIII Governo, reconhece que "há um trabalho de empoderamento das mulheres" que é "mais lento" do que o que gostaria. "Estamos a fazer um caminho que não é diferente do caminho na sociedade e no caminho mundial", aponta.
Garantindo que "nenhuma porta está fechada às mulheres no PS", Elza Pais prefere apontar os "bons exemplos" e "estruturas positivas" como a das Mulheres Socialistas, e que têm as suas próprias estruturas federativas "em diálogo com as outras estruturas do PS".
A socialista admite que "gostaria que o caminho [para a paridade] fosse mais rápido", mas garante que a estrutura nacional "é muito sensível" ao tema. "Tivemos listas paritárias ou praticamente paritárias nas eleições legislativas e nas europeias e temos uma líder parlamentar [Alexandra Leitão]", argumenta.
Confrontada com o facto de em 50 anos de história os socialistas nunca terem tido uma secretária-geral, Elza Pais responde que "nenhuma porta está fechada no PS" e que as escolhas para a liderança do partido resultam das "dinâmicas internas que se definem no momento". "É claro que se me perguntar qual o número que preferia, respondo que gostava de ter 50% de mulheres a presidir federações e outros 50% nas concelhias. É um caminho, mas estamos a fazê-lo."