Urgências obstétricas vão fechar as portas. Serviços terão campainha SOS para grávidas

Atendimento nas urgências obstétricos vai ser referenciado, mas os hospitais vão instalar um botão para as grávidas que ali se dirijam por auto-iniciativa em caso de emergência. Lisboa é prioridade.

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Região de Lisboa é prioritária, mas a prestação de cuidados exclusivamente por referenciação deverá ser extensível a todos os hospitais do país com esta valência médica Nuno Ferreira Santos
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As urgências de obstetrícia dos hospitais da região de Lisboa vão deixar de estar abertas, passando o atendimento às grávidas a fazer-se sempre através de referenciação, ou seja, por via telefónica, por encaminhamento do médico ou através da emergência pré-hospitalar. Segundo noticia o Expresso nesta sexta-feira, apesar disso, haverá um botão à porta destes serviços de urgência para as utentes que ali se dirijam sem avaliação prévia e em caso de urgência (SOS). O PÚBLICO questionou o Ministério da Saúde sobre a medida, mas ainda não obteve confirmação.

Segundo o semanário, que cita o presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente — criada para reorganizar as urgências obstétricas —, Alberto Caldas Afonso, a estratégia já está a ser discutida com os directores de obstetrícia e vai avançar dentro de três semanas. A região de Lisboa é prioritária, mas a prestação de cuidados exclusivamente por referenciação deverá ser extensível a todos os hospitais do país com esta valência médica.

​O responsável explicou ainda que, actualmente, estão a ser recolhidos contributos dos responsáveis hospitalares para que o documento “para levar à ministra da Saúde, que o vai também querer partilhar com o primeiro-ministro”, seja finalizado. “A medida será primeiro para a região de Lisboa, mas vai ser para todos os hospitais. E até fará sentido que seja em simultâneo”, refere, citado pelo semanário.

Na prática, o desenho da estratégia no terreno prevê, na fase experimental durante três meses e salvo excepções, que a grávida entre em contacto com a linha SNS Grávida. Dali poderá ter três respostas: autocuidados, consulta marcada até 72 horas nos cuidados primários ou no hospital da sua área ou a transferência da chamada para um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica no hospital da zona de residência. Nos casos em que é passada para o enfermeiro especialista, as respostas são igualmente três: autocuidados, consulta aberta ou ida à urgência hospitalar.

​Já o acesso ao referido SOS hospitalar acontecerá por transporte do INEM ou se a grávida se dirigir à urgência pelos seus próprios meios, onde encontrará a porta fechada. Terá de tocar a uma campainha e será recebida por um enfermeiro especialista, que vai decidir pela admissão no serviço de urgência ou encaminhá-la para uma consulta nas horas posteriores. “O modelo está bem estudado noutros países, nórdicos ou Alemanha, por exemplo, e temos enfermeiros suficientes para avançar”, garante Caldas Afonso.

A expectativa é a de conseguir retirar a grande maioria das 40% de admissões nas urgências sem necessidade clínica de cuidados diferenciados com este novo modelo. “Vamos ver o impacto, a procura que retira, a capacidade de resposta que fica instalada e o que vai acrescentar, mas há dois sítios onde há dúvidas sobre os ganhos.” São eles a Península de Setúbal e Leiria.

O presidente desta comissão fala, por isso, na possibilidade de “ser necessário criar uma urgência partilhada, metropolitana ou regional, porque é sempre problemático um hospital perder um serviço.” Ou seja, poderá dar-se o caso de a resposta obstétrica passar a ser comum: Setúbal com Barreiro e Garcia de Orta; Leiria com Caldas da Rainha e Santarém.

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