À beira dos 95 anos, Fernanda Montenegro faz história como musa da Elle Brasil

Actriz brasileira foi fotografada por Bob Wolfenson, num ensaio de 16 páginas, ao longo das quais fala de assuntos corriqueiros, mas não foge às grandes questões da humanidade, como a finitude.

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Fernanda Montenegro diz que surge na capa da Elle como uma personagem “libertária” Bob Wolfenson/Elle
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É já a 16 de Outubro que Fernanda Montenegro completa os 95 anos de idade. Dias antes, torna-se a pessoa mais velha a surgir na capa da revista Elle, no caso a edição brasileira, ao mesmo tempo que, não obstante o passar dos anos, continua no auge da carreira, como demonstrou, recentemente, em Veneza.

Foi com Ainda Estou Aqui, do celebrado realizador Walter Salles, que Fernanda Montenegro (assim como toda a equipa, entre a qual a filha, Fernanda Torres: ambas desempenham o mesmo papel, de Eunice, viúva de Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar no Brasil) foi ovacionada durante nove minutos e 46 segundos, especifica o site cinema7arte.

E já se prepara para um novo desafio — Velhos Bandidos, dirigido por Claudio Torres, seu filho —, ao mesmo tempo que tem por estrear Vitória, de Andrucha Waddington, filme baseado numa história verídica, em que veste a pele de uma mulher de 80 anos que, sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana. Para trás, ficaram um rol de personagens emblemáticas, no cinema ou na tv: da Dora, em Central do Brasil (1998), de Walter Salles, que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de melhor actriz, à excêntrica Charlô, na novela Guerra dos Sexos (1983), de Silvio de Abreu, em que contracenou com Paulo Autran, o “senhor dos palcos”.

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Bob Wolfenson/Elle

No teatro, não lhe falta reconhecimento (como a “grande dama da dramaturgia brasileira”), nem prémios: desde o de actriz revelação, em 1952, por Está Lá Fora Um Inspector, de J. B. Priestley, e Loucuras do Imperador, de Paulo Magalhães, até com espectáculos como A Moratória (1955), A Mulher De Todos Nós (1966) ou As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1982).

Agora, surge na capa da Elle como uma personagem “libertária” — diz a revista que foi assim que a actriz definiu a sua postura durante sessão, na entrevista com Marta Góes (autora da biografia Prólogo, Ato, Epílogo, ed. Companhia das Letras) —, de cabelos integralmente brancos, mas com o mesmo olhar e postura irreverentes de sempre, captados pelo premiado fotógrafo Bob Wolfenson.

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Bob Wolfenson/Elle

Ao longo da conversa, diz a edição brasileira da revista, Fernanda Montenegro “aborda desde temas corriqueiros, como sua relação com a tecnologia e cuidados com a saúde, até questões universais, como o amor e a finitude”. Além disso, a edição apresenta depoimentos de amigos e colegas de trabalho, contando como é conviver com a actriz dentro e fora do ambiente profissional.

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