PS, BE, Livre e PAN juntam-se num voto de saudação ao centenário de Amílcar Cabral

Voto conjunto a saudar o 100º. aniversário de Amílcar Cabral no Parlamento é subscrito por 25 deputados das bancadas da esquerda e do PAN.

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À esquerda, apenas o PCP ficou de fora do voto de saudação Nuno Ferreira Santos
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Vários deputados do PS, Bloco de Esquerda, Livre e PAN juntaram-se para apresentar um voto de saudação conjunto pelo centenário de Amílcar Cabral, "pensador político e estratega da libertação anticolonial", que vai dar entrada esta quinta-feira no Parlamento e a que o PÚBLICO teve acesso.

Na iniciativa, os deputados começam por recuperar uma citação de Amílcar Cabral, em que defendeu que não confunde o "colonialismo português com o povo de Portugal" e que se deve "preservar, apesar dos crimes cometidos pelos colonialistas portugueses, as possibilidades de uma cooperação eficaz com o povo de Portugal, numa base de independência, de igualdade de direitos e de reciprocidade de vantagens" para o "progresso" de Cabo Verde e "do povo português".

"O povo português está submetido há cerca de meio século a um regime que, pelas suas características, não pode ser deixado de ser chamado fascista. A nossa luta é contra o colonialismo português", afirmou o antigo líder do PAIGC.

Os deputados recordam ainda no voto como "Amílcar Cabral nasceu há 100 anos, no dia 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na hoje independente Guiné-Bissau". E traçam o percurso desta figura da luta pela independência, "filho de Juvenal Lopes Cabral, professor cabo-verdiano colocado a leccionar na Guiné, e de Iva Pinhel Évora, guineense de ascendência cabo-verdiana" que "foi aos oito anos viver para Cabo Verde".

"Em 1945 ganhou uma bolsa para estudar no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Na Casa dos Estudantes do Império, conheceu outros antifascistas africanos e, com eles, iniciou um caminho que o transformou num dos principais líderes dos movimentos de libertação", continuam.

PS, BE, Livre e PAN lembram também que Amílcar Cabral foi "agrónomo de profissão" e que "trabalhou dois anos na Estação Agronómica Nacional de Sacavém", tendo ido, em 1952, "para Bissau trabalhar nos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné". "Fazer o Recenseamento Agrícola de 1953 permitiu-lhe conhecer de perto as condições de vida da população", notam.

Além de "participante da Conferência de Bandung de 1955", Cabral "veio a ser fundador e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde" e "um dos articuladores da Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias Portuguesas".

Acabaria por ser "assassinado à traição ao fim de dez anos" da "luta armada pela libertação iniciada a 23 de Janeiro de 1963 na Guiné", que liderou, a 20 de Janeiro de 1973. "No entanto, o seu plano sobreviveu-lhe", já que "a 24 de Setembro de 1973 foi proclamada unilateralmente a independência da Guiné-Bissau".

"E, quando a ditadura portuguesa cai a 25 de Abril de 1974, devido ao desgaste do esforço de guerra e à rebelião dos capitães, o caminho para a independência de Cabo Verde já tinha sido trilhado pela longa luta na Guiné", lembram os deputados.

O voto é assinado por 25 deputados (15 do PS, cinco do BE, quatro do Livre e um do PAN), entre os quais, as ex-ministras Ana Abrunhosa e Ana Mendes Godinho, os líderes partidários Mariana Mortágua, Rui Tavares e Inês Sousa Real e os líderes parlamentares Fabian Figueiredo e Isabel Mendes Lopes.

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