A jornalista e activista palestiniana Bisan Owda ganhou um Emmy pelo documentário It’s Bisan from Gaza, and I’m still alive (“Sou a Bisan de Gaza e ainda estou viva”, em português). A nomeação do documentário para os prémios de televisão internacionais enfrentou várias críticas, nomeadamente de associações pró-Israel que pediram a sua desqualificação.
Bisan Owda já tinha recebido um prémio Peabody pelo mesmo trabalho. Numa reportagem publicada na AJ+, feita com um telemóvel, Bisan regista a situação da sua família e de outras que enfrentam os horrores do quotidiano em Gaza.
Foi John Lawrence, produtor executivo, que subiu ao palco, em representação de Bisan, para receber o prémio da categoria Outstanding Hard News Feature Story-short form (que premeia notícias de impacto internacional em formato curto). “Este prémio é o testemunho de uma mulher, apenas com um iPhone, que sobreviveu a quase um ano de bombardeamentos”, começou.
Lawrence também aproveitou o momento para relembrar os jornalistas que perderam a vida desde o agravar do conflito do Médio Oriente: “Mais de 100 jornalistas palestinianos foram mortos em Gaza, incluindo vários dos nossos colegas da Al-Jazeera. O nosso gabinete na Cisjordânia ocupada foi encerrado à mão armada na semana passada.”
“Agradecemos à nossa comunidade jornalística por este reconhecimento e apelamos a que se juntem a nós para dizer que o jornalismo não é um crime”, concluiu John Lawrence, rodeado de colegas que exibiam fotografias de jornalistas mortos.
A 19 de Agosto, a Creative Community for Peace, uma organização da indústria do entretenimento com posições pró-israelitas, divulgou uma carta aberta que apelava a que a Academia dos Emmy retirasse a nomeação de Bisan Owda. Dois dias depois, a academia respondeu e expressou vontade de manter a nomeação.
A carta que reunia mais de 150 assinaturas alegava que Bisan seria afiliada da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), uma organização que os Estados Unidos da América classificam como terrorista. Nesse sentido, a organização acreditava que a nomeação do documentário “difundia o anti-semitismo”, “legitimava uma organização terrorista e minava a integridade dos prémios”.
Adam Sharp, director executivo da Academia de Artes e Ciências Televisivas, afirmou que não se podia confirmar uma ligação de Bisan à FPLP e relembrou que os trabalhos jornalísticos distinguidos nos Emmys eram muitas vezes considerados “condenáveis”, “mas todos estiveram ao serviço da missão jornalística de registar todos os lados da história”.