Academia dos Emmys defende nomeação da palestiniana Bisan Owda após críticas

Organização pró-israelita exigiu, numa carta aberta, que nomeação de Bisan Owda fosse retirada, sob pena de “minar a integridade” dos Emmys. Academia reagiu esta quarta-feira.

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Bisan Owda tem 25 anos e documenta a vida em Gaza desde 7 de Outubro Bisan Owda/Instagram
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A Academia que entrega os Emmys defendeu esta quarta-feira, 21 de Agosto, a nomeação de uma reportagem da videógrafa Bisan Owda na Faixa de Gaza, depois de a jovem palestiniana ter sido criticada por alegadas ligações à Frente Popular para a Libertação da Palestina e da publicação de um apelo ao seu afastamento dos "Óscares da televisão".

Na passada segunda-feira, a Creative Community for Peace, uma organização pró-israelita da indústria do entretenimento que se assume contra o movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), divulgou uma carta aberta apelando à Academia para que retire a nomeação de Bisan Owda na categoria de notícias e documentários.

Na carta, que já reuniu mais de 150 signatários, a organização alega que Bisan Owda já esteve ligada à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), lembrando que os Estados Unidos a classificam como terrorista, e acusa a palestiniana de 25 anos de “difundir anti-semitismo regularmente nas suas redes sociais”. Distinguir Owda, lê-se, “não só legitima uma organização terrorista, mas mina também a integridade dos prémios”.

Reagindo, o director executivo da Academia de Artes e Ciências Televisivas, Adam Sharp, defendeu esta quarta-feira a nomeação da reportagem It’s Bisan from Gaza and I’m Still Alive (em português: “É a Bisan de Gaza e ainda estou viva”).

Na resposta endereçada à Creative Community for Peace, Adam Sharp admite que alguns dos trabalhos de jornalismo televisivo distinguidos pelos Emmys nas últimas décadas tenham sido “controversos, dando uma plataforma a vozes que certos espectadores podem considerar condenáveis ou mesmo detestáveis”. “Mas todos estiveram ao serviço da missão jornalística de registar todas as facetas da história”, insistiu.

A reportagem de oito minutos de Bisan Owda documenta bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza e a rotina dos palestinianos deslocados: a ausência de espaços seguros, os hospitais sobrelotados, a escassez de bens essenciais. “É a Bisan, de Gaza. É o 23.º dia de bombardeamentos contínuos. Estou a sorrir porque estou viva”, diz para a câmara nos primeiros segundos do vídeo.

“A Academia de Artes e Ciências Televisivas tem conhecimento dos relatos, citados na sua carta e inicialmente revelados por um assessor de comunicação na região, que parecem mostrar Bisan Owda, à data adolescente, a discursar em vários eventos associados à FPLP passados entre há nove e há seis anos (entre 2015 e 2018)”, esclareceu Adam Sharp, dirigindo-se ao director da Creative Community for Peace, Ari Ingel. Contudo, “a Academia não conseguiu confirmar estes relatos nem conseguiu, até ao momento, apresentar quaisquer provas de um envolvimento mais recente ou activo de Owda na FPLP”, conclui.

Desde 7 de Outubro de 2023 que Bisan Owda, antes apenas videógrafa e criadora de conteúdos nas redes sociais, documenta diariamente a violência da ocupação israelita na Faixa de Gaza.

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