Até 2026, Porto pedonaliza partes de Miragaia, Bonjardim, Cimo de Vila e Carmelitas

Autarquia quer acrescentar 8,2 quilómetros aos actuais 7,3 quilómetros de ruas para peões. Foco é no centro histórico e grupo prevê “impacto limitado da promoção da mobilidade suave” na cidade.

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Obras de pedonalização definitiva da Rua das Carmelitas começou em Junho e terminou em Setembro. Paulo Pimenta
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Na semana passada, a Rua das Carmelitas reabriu após obras. Àquela rua da Baixa do Porto, que estava a ser alvo de intervenção desde Junho, já não regressam os carros. Os passeios foram nivelados com a estrada e a via que já era das que mais intenso trânsito pedonal recebia – muito por conta das filas que se formam à porta da Livraria Lello – passou a ser exclusiva para peões.

No início do mês, a Câmara Municipal do Porto (CMP) tinha anunciado já uma intervenção semelhante não muito longe dali, na Rua de S. João, que também será pedonalizada, depois de o ter feito na Rua Alexandre Braga, a pretexto da reabertura do Mercado do Bolhão. No entanto, o processo só agora começou.

No fim-de-semana, o JN avançou que a autarquia iria avançar com aumento de ruas pedonais. AO PÚBLICO, o gabinete de imprensa da CMP refere por email que o objectivo é ter mais 8,2 quilómetros de vias pedonais ao longo dos próximos dois anos, uma extensão que deverá somar-se aos 7,3 quilómetros que existem actualmente.

As intervenções seguintes envolvem o Passeio das Virtudes, a Rua de São Bento da Vitória e de S. Miguel, a rua e travessa do Cimo de Vila e Travessa do Cativo, rua Galeria de Paris, e rua e largo do Cativo e rua dos Portas do Sol.

O município foi criticado recentemente por não ter um plano claro para reduzir a pressão automóvel numa zona da cidade que terá uma nova oferta de transporte público em 2025, com a abertura da Linha Rosa do Metro do Porto.

Agora, a CMP refere que, “na sequência da densificação da rede de transportes colectivos que resultará da nova linha do Metro do Porto, torna-se essencial uma nova regulação dos espaços públicos”, com prioridade para a mobilidade suave. “A pedonalização de arruamentos visa favorecer a qualidade de vida dos moradores, o comércio local e, nas zonas de maior pressão, reduzir a presença do automóvel na paisagem urbana”, acrescenta a autarquia. O PÚBLICO pediu acesso ao documento de planeamento das zonas pedonais, mas a CMP não respondeu.

Das Virtudes ao Bonjardim

A zona da Carmelitas já tem várias ruas com restrições à circulação automóvel, mas a autarquia quer pedonalizar o quarteirão que abrange as ruas das Galeria de Paris, de Cândido dos Reis, do Conde de Vizela, de Santa Teresa, de Avis e da Fábrica.

O mesmo deve acontecer a Sul da Estação de São Bento, na zona do Cimo de Vila, com a transformação das ruas do Cativo, da Porto do Sol e do Cima de Vila, mas também das travessas do Cativo e do Cimo da Vila.

Já na órbita do Silo Auto, o plano é retirar carros da Rua do Bonjardim (entre a Rua Guedes de Azevedo e a de Fernandes Tomás) da Rua Guedes de Azevedo, entre a Rua do Bonjardim e a do Bolhão.

PÚBLICO -
Aumentar

Entre a Calçada das Virtudes e a Rua de Miragaia também será criada uma nova zona pedonal que abrange as ruas dos Armazéns, de São Pedro de Miragaia, de Tomás Gonzaga, de Francisco da Rocha Soares, bem como o Largo de São Pedro de Miragaia.

A já pedonalizada Rua das Flores vai ver várias vias próximas a passar pelo mesmo processo, como as ruas da Vitória, de São Miguel, de São Bento da Vitória e troços das ruas de Trás e dos Caldeireiros.

Todas estas vias vão juntar-se aos 110 arruamentos pedonais do Porto que compõem as Zonas de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC), áreas onde a entrada de carros é controlada ou por leitura de matrículas ou por chave específica para o efeito.

Esta expansão está enquadrada no Sistema de Gestão de ZAAC, que aguarda visto do Tribunal de Contas e que prevê também o alargamento e modernização do sistema de controlo de acessos em áreas em que tal já acontece.

“Impacto limitado”

“Numa primeira análise, parece-nos que as ruas mencionadas são já muito estreitas e repletas de turistas, onde a pedonalização é praticamente uma realidade previamente existente”, escreve o grupo Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA).

Num email enviado ao PÚBLICO, o grupo que se tem debruçado sobre questões de mobilidade na cidade prevê que, sendo assim, “estas medidas terão um impacto limitado na promoção da mobilidade suave na cidade”.

O GARRA pede a publicação do plano de pedonalização que serve de base a estes trabalhos e defende que as intervenções não deveriam circunscrever-se às manchas mais turísticas da cidade. Os benefícios destas ruas também deveriam ser “sentidos por quem vive no Marquês, Pereiró, Carvalhido, Bonfim ou Amial”, refere.

Olhando para o horizonte apresentado pelo município, o grupo nota que falta apenas um ano para que tenha termo o último mandato do executivo de Rui Moreira. Por isso, sugere que “seria mais eficaz e eficiente iniciar com a simples colocação de barreiras nas extremidades das ruas, libertando-as dos automóveis de forma quase imediata”.

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