Ellen DeGeneres partilha diagnóstico de POC e défice de atenção: “Nunca me considerei obsessiva”

A comediante foi diagnosticada quando procurou ajuda para lidar com o ódio decorrente do escândalo de má conduta no programa, The Ellen DeGeneres Show, que terminou em 2022.

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O programa de Elle DeGeneres terminou em 2022 Mario Anzuoni/Reuters
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Ellen DeGeneres está de volta, desta vez à Netflix para um especial de comédia, Ellen DeGeneres: For Your Approval, que diz ser a sua “despedida”. Ao longo de mais de uma hora, fala sobre o elefante na sala: as denúncias de um ambiente de trabalho tóxico nos bastidores do seu programa The Ellen DeGeneres Show, que a levaram a procurar apoio psicológico. Foi então que descobriu que tem perturbação obsessiva compulsiva (POC) e perturbação de hiperactividade e défice de atenção (PHDA).

“Estou feliz por não ser a patroa, uma marca ou um cartaz, apenas uma pessoa”, começa por dizer DeGeneres, que tem estado desaparecida da esfera mediática nos últimos dois anos. “Sou uma pessoa multifacetada com sentimentos e emoções diferentes, e posso estar feliz e triste, compassiva ou frustrada. Tenho POC e PHDA. Sou honesta. Sou generosa. Sou sensível e atenciosa”, descreve-se, sendo aplaudida pela plateia.

O diagnóstico de saúde mental chegou quando procurou ajuda para lidar com todo o ódio causado pelo escândalo de assédio ligado ao talk show, em 2020. “Estive em terapia durante algum tempo a tentar lidar com todo o ódio que me atingia. Não era uma situação comum para um terapeuta lidar”, relata, detalhado que o psicólogo perguntou onde é que tinha arranjado a ideia de que toda a gente a odiava. “Bem, no New York Times, no The Washington Post, no Entertainment Weekly, na US Weekly e acho que o Elmo pode ter dito algo recentemente num episódio da Rua Sésamo” respondeu-lhe.

Depois de ter sido diagnosticada com POC, DeGeneres partilhou a notícia com a mulher, Portia de Rossi, e perguntou-lhe se já tinha reparado em alguns sintomas. A resposta positiva, surpreendeu-a. “É engraçado, nunca me considerei obsessiva. Considerava-me cuidadosa e todos os outros descuidados”, declara, confessando que já tinha notado sintomas da PHDA como a dificuldade em se concentrar em qualquer tarefa. “Mas também estou a perder a memória. Por isso, acho que estou ajustada. Fico obcecada com as coisas, mas como não tenho capacidade de atenção rapidamente me esqueço.”

O défice de atenção leva a períodos de atenção escassos ou impulsividade exagerada, estando frequentemente ligado à hiperactividade, explica o glossário de saúde do grupo CUF. Já o POC tem como sintomas obsessões recorrentes (pensamentos indesejados e incontroláveis) e comportamentos que são repetidos de forma compulsiva.

Ellen partilha, ainda, outros problemas de saúde como a osteoporose, que faz com que os ossos fiquem mais frágeis, e a artrite, que provoca inflamação nas articulações. “Nem sei como estou agora. Sou como um castelo de areia humano”, diz, com humor. E confessa: “É difícil ser honesta sobre envelhecer e parecer descontraída.”

A polémica com Ellen DeGeneres amainou em 2022 com um pedido de desculpas da comediante depois de vários antigos funcionários terem acusado a produção de assédio profissional e racismo. Foram demitidos três produtores e o programa foi cancelado depois de quase 20 anos de emissão.

Na altura, sentiu-se como se tivesse sido “expulsa da indústria do entretenimento” e tem uma explicação para o motivo. “O problema é o seguinte: era a comediante que tinha um talk show e terminava o programa todos os dias ao dizer: ‘Sejam simpáticos uns com os outros’. Se eu tivesse terminado o meu programa a dizer ‘vão-se lixar’, as pessoas teriam ficado agradavelmente surpreendidas por descobrirem que eu sou simpática.”

Ellen DeGeneres: For Your Approval estreou nesta terça-feira na Netflix e é o segundo especial da comediante para o serviço de streaming, depois de Relatable, em 2018. A produção não está a reunir o consenso esperado, com a imprensa a descrever o espectáculo de stand-up comedy como pouco cómico. “O especial não é particularmente engraçado”, escreve a revista Time. E o The Guardian intitula: “Sem desculpas e sem grande piada: O regresso sem vergonha de Ellen DeGeneres ao stand-up.”

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