OCDE revê em baixa crescimento do PIB da zona euro para 1,3% em 2025

Estimativas para desempenho económico na Alemanha, França e Itália pioraram. Organização manteve previsão para PIB mundial no próximo ano.

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Actividade das maiores economias da zona euro está a abrandar Carlos Lopes
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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) manteve a previsão para o crescimento do PIB da zona euro em 2024, mas reviu ligeiramente em baixa os dados inicialmente apontados para 2025, estimando agora que vai crescer 1,3% (menos 0,2 pontos percentuais) que na estimativa anterior.

"O crescimento do PIB da zona euro é estimado em 0,7% em 2024 e 1,3% em 2025, com a actividade apoiada por uma recuperação dos rendimentos em termos reais e uma melhoria na disponibilidade de crédito", destaca a OCDE na actualização do Economic Outlook, divulgada esta quarta-feira.

A redução do crescimento fica a dever-se a um cenário mais pessimista para o crescimento da economia alemã. O documento, que tem apenas previsões para as maiores economias da área do euro, dá conta de uma revisão em baixa para a Alemanha, em 0,1 pontos percentuais, para 2024 e 2025, agora para 0,1% e 1%, respectivamente.

Já para França, a OCDE reviu em alta em 0,4 pontos percentuais em 2024, para 1,1%, mas piorou, em 0,1 pontos percentuais, para 1,2%, a estimativa para 2025.

A tendência foi a mesma para a economia italiana, que deverá crescer 0,8% em 2024 (mais 0,1 pontos percentuais face à projecção de Maio) e 1,1 em 2025 (menos 0,1 pontos percentuais).

Já para Espanha, as perspectivas melhoram para ambos os anos: 2,8% este ano (uma revisão de 1 ponto percentual e 2,2% no próximo (0,2 pontos percentuais acima da previsão de Maio).

Quanto à inflação, a OCDE projecta que esta vai atingir 2,4% em 2024 na zona euro, desacelerando no próximo ano para 2,1%, já próximo da meta do Banco Central Europeu (BCE).

Neste relatório, a OCDE deixa também a recomendação global de que "há espaço para reduzir as taxas de juro, mas a política monetária deve permanecer prudente".

"Nos Estados Unidos e na área do euro projecta-se que as taxas de juro directoras diminuam mais 1,5 e 1,25 pontos percentuais, respectivamente, até ao final de 2025, aproximando-as de níveis neutros", sinaliza a organização.

A OCDE destaca ainda que "são necessárias acções orçamentais decisivas para garantir a sustentabilidade da dívida, preservar margem para os governos reagirem a choques futuros e gerar recursos para ajudar a enfrentar futuras pressões sobre despesas.

Crescimento mundial nos 3,2%

As previsões de crescimento do PIB mundial são mais optimistas para 2024, subindo de 3,1% para 3,2% em 2024, mas mantendo os 3,2% para 2025.

"Prevê-se que o crescimento do PIB mundial estabilize em 3,2% em 2024 e 2025, com mais desinflação, melhoria dos rendimentos reais e uma política monetária menos restritiva em muitas economias a ajudar a sustentar a procura", sinaliza a OCDE no relatório.

A evolução da economia varia entre os vários países, ainda que o crescimento tenha "sido relativamente robusto em muitos países do G20, incluindo os Estados Unidos, Brasil, Índia, Indonésia e o Reino Unido".

Para os EUA, a previsão é de um crescimento de 2,6% em 2024 e 1,6% em 2025, uma desaceleração que será "atenuada pela flexibilização da política monetária".

Por outro lado, "os resultados permaneceram fracos em algumas economias, incluindo a Alemanha, e uma contracção do PIB na Argentina", nota a organização.

Já a inflação deverá regressar à meta na maioria dos países do G20 até ao final de 2025, com a OCDE a projectar um abrandamento da inflação de 5,4% em 2024 para 3,3% em 2025 nas economias do G20.

Ainda assim, são de ressalvar alguns riscos associados a estas previsões, nomeadamente as tensões geopolíticas e comerciais que podem "prejudicar investimentos e subir os preços de importação".