Pedro Nuno Santos avisa Montenegro: “Não tendo maioria absoluta, tem de ceder ao PS”

Líder socialista continua a criticar a ideia de que a responsabilidade pela existência de um orçamento aprovado é do PS, vincando que é sobretudo do Governo.

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Pedro Nuno Santos visitou zonas afectadas pelos incêndios da passada semana PAULO NOVAIS / LUSA
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Com o aproximar de sexta-feira, dia em que finalmente se sentarão à mesma mesa e já com propostas concretas sobre medidas que o PS quer ver no Orçamento do Estado para 2025, aumenta a pressão e o tipo de palavras escolhidas por Pedro Nuno Santos para falar sobre a prova de fogo para Luís Montenegro. "Só não haverá orçamento se o Governo não quiser, se não perceber que, não tendo maioria absoluta, tem de ceder ao Partido Socialista", avisou nesta terça-feira ao início da tarde o líder do partido.

Falando aos jornalistas em Mangualde, no final da visita às zonas afectadas pelos incêndios da passada semana, Pedro Nuno Santos reencaminhou também para Luís Montenegro a responsabilidade que o Presidente da República deixou no ar na segunda-feira quando se afirmou convicto de que o país terá orçamento para o próximo ano e avisou que se isso não acontecer haverá uma "crise política e económica".

"Nós respeitamos a intervenção do sr. Presidente da República, como esperamos que, obviamente, o sr. Presidente da República respeite aquela que é a intervenção dos diferentes partidos políticos" apontou Pedro Nuno, acrescentando: "Julgo que o sr. Presidente quando fala, não está a falar só para o PS. Não pode estar a falar só para o PS. Está com certeza também a falar para o Governo, que tem a obrigação de procurar condições para viabilizar o seu orçamento. E aquilo que nós vemos muitas vezes - e temos visto nos últimos - é muito pouca vontade do Governo em criar um bom ambiente negocial."

O líder socialista disse que essa é uma atitude "preocupante" porque o executivo não pode acusar o PS de não querer viabilizar o orçamento quando é o Governo "que vai criando um ambiente para que isso não aconteça". "Estarmos a olhar para o Partido Socialista como o elemento que não que não quer viabilizar o orçamento... Nós temos mesmo é que olhar para o Governo, que é quem tem desde logo a primeira responsabilidade de procurar condições para viabilizar o seu Governo e o seu Orçamento do Estado​."

Sem divulgar que medidas tenciona levar para a mesa da reunião, Pedro Nuno Santos deixa no ar, no entanto, aquilo que vai exigir: que o Governo não avance com "medidas que são muito caras e muito injustas", referindo-se à redução da taxa do IRC e à proposta do IRS Jovem. Porque representam a perda de milhões de euros de receitas que, diz o líder do PS, deveriam ser aplicados no reforço de serviços públicos como a saúde, educação, habitação e pagamento de pensões e reformas.

Novamente sobre o facto de o PS ser ou não o parceiro preferencial do Governo, o secretário-geral socialista insistiu na liberdade e "direito" que Luís Montenegro tem de dialogar com os partidos que entender para procurar viabilizar o orçamento, mas também na ideia de que o primeiro-ministro não pode considerar os socialistas os parceiros preferenciais e não se empenhar nesse relacionamento.

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