Barnier aberto a aumentar impostos sobre os mais ricos e alterar reforma das pensões

O novo primeiro-ministro francês avisou contudo que quaisquer mudanças nas pensões não poderão prejudicar o financiamento do sistema.

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Michel Barnier, primeiro-ministro francês STEPHANE DE SAKUTIN / VIA REUTERS
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O novo primeiro-ministro francês, Michel Barnier, abriu a porta à possibilidade de aumentar os impostos sobre os mais ricos do país e algumas grandes empresas para ajudar a tapar um buraco nas finanças públicas, mas frisou que protegeria as classes baixa e média. Barnier admitiu ainda querer "melhorar" a reforma das pensões sem prejudicar o financiamento do sistema.

O gabinete do Presidente Emmanuel Macron apresentou este fim-de-semana um plano de acção que espera quebrar o impasse político que se seguiu às eleições antecipadas do Verão. A sua tarefa mais imediata e difícil será a elaboração de um orçamento para 2025, numa altura em que a França luta para conter um défice orçamental que cresce em espiral.

" Não vou aumentar ainda mais os impostos sobre todos os franceses, nem sobre os mais modestos, nem sobre os que trabalham, nem sobre a classe média. Mas não posso excluir os mais ricos do esforço nacional para rectificar a situação", declarou Barnier à televisão France 2.

A dívida total da França situa-se em 110% do PIB, ou seja, perto de 3,2 milhões de euros. As receitas fiscais mais fracas do que o previsto e o aumento das despesas das autarquias locais fazem com que o défice orçamental do sector público atinja 6,2% da produção económica no próximo ano, se nada for feito para o controlar.

Estes resultados violam as regras da União Europeia em matéria de défice e as agências de crédito estão a analisar cuidadosamente as decisões francesas.

"Uma grande parte da nossa dívida foi colocada nos mercados internacionais e estrangeiros. Temos de manter a credibilidade da França", sublinhou Barnier.

Barnier, que foi o principal negociador da UE durante as negociações do Brexit, disse também estar aberto a "melhorar" a impopular reforma das pensões de Macron, que foi alvo de fortes protestos, mas que quaisquer mudanças não devem prejudicar as finanças precárias do sistema de pensões.

"Temos uma lei que prevê um quadro financeiro e penso que esse quadro financeiro deve ser preservado", afirma Michel Barnier, sublinhando que tinha "confiança nos parceiros sociais", tais como empregadores e sindicatos, para fazer os "ajustes" necessários.

O primeiro-ministro referiu, como exemplo de mudanças à lei das pensões, que pretendia ter mais em conta as dificuldades enfrentadas pelas mães trabalhadoras ao longo das suas carreiras.

Os opositores políticos de Macron, à esquerda e à extrema-direita, já ameaçaram com moções de censura contra o governo de Barnier, por considerarem que não reflecte o voto dos franceses nas eleições legislativas de Julho, ganhas pela coligação da esquerda.

"Isto é mais Macron. É um governo que não tem futuro", afirmou Jordan Bardella, presidente do partido União Nacional de Marine Le Pen, de quem o Governo depende para sobreviver, face à pré-anunciada moção de censura apoiada pela Nova Frente Popular.

O Governo de Barnier não tem maioria na Assembleia Nacional e, para poder se manter, terá de manter a extrema-direita do seu lado e impedi-la de votar a favor da queda do Governo. Talvez com isso em mente, Barnier disse que iria ser duro com a imigração.

"Precisamos de uma resposta europeia e precisamos de tomar medidas a nível interno também", disse Barnier, acrescentando que precisam de "lidar com a questão da imigração com muito mais rigor. "