O futuro é circular?
No Dia Nacional da Sustentabilidade, os Encontros com Futuro acontecem no Porto para debater a circularidade do futuro empresarial – e não só.
Depois de dois dias dedicados a pensar e debater diferentes caminhos para a sustentabilidade, na perspectiva das organizações e do ESG (critérios relacionados com o ambiente, social e administração; do inglês, environmental, social and governance) e de projectos que impactam directamente os cidadãos, os Encontros com Futuro têm no Porto a sua última sessão, assinalando assim o Dia Nacional da Sustentabilidade. O mote para a conferência é a economia circular, procurando perceber como valorizar os recursos de forma contínua. Evitar o desperdício, prolongar a vida útil dos materiais e reduzir a extracção de recursos naturais são tópicos que estarão no centro do debate. Como orador principal, um jovem que se assume comprometido enquanto “agente de mudança”: Fionn Ferreira, cientista luso-descendente de 23 anos destacado pela Forbes na lista anual “30 under 30” (2021) dos jovens mais bem-sucedidos do mundo na área de Ciência e Saúde.
“A verdadeira mudança começa com a determinação de uma pessoa”
Aos 16 anos, Ferreira criou um método inovador, baseado em ímanes, para remover os microplásticos da água. Começou por observar o lixo plástico da costa da Irlanda e, a partir daí, foi testando com peças Lego uma possível solução. Graças a essa experiência bem-sucedida, foi o grande vencedor da Google Science Fair em 2019. Depois disso, nunca mais parou. Criou a sua própria empresa, integrou várias expedições para analisar de perto o impacto da poluição oceânica e foi convidado para participar em eventos como o Fórum Económico Mundial, a Conferência Anual de Investigação da Comissão Europeia e iniciativas organizadas pela National Geographic. No dia 25 de Setembro, partilhará experiências e inspirações no último dia dos Encontros com Futuro, iniciativa do PÚBLICO apoiada pela REN.
Quando fundou a Fionn & Co. LLC, o jovem cientista e inventor procurava “escalar a tecnologia de remoção de microplásticos” que criou de forma experimental. Através de donativos (e têm sido alguns, nomeadamente de figuras públicas como o actor Robert Downey Jr.), está a investir na criação de um protótipo em grande escala “para remover microplásticos de sistemas comerciais de água potável”. Enquanto termina o mestrado em Química na Universidade de Groningen, nos Países Baixos, Fionn Ferreira continua a colaborar com universidades e centros de investigação para “refinar os métodos”.
“A sustentabilidade e o conceito de economia circular estão profundamente ligados à inovação, à criatividade e à responsabilidade pessoal”, declarou Ferreira ao PÚBLICO. Durante o que tem sido a sua missão na luta pela eliminação dos microplásticos da água, diz ter aprendido essencialmente que “a verdadeira mudança começa muitas vezes com a determinação de uma pessoa em resolver um problema”. Espera, por isso, inspirar a plateia, mostrando como pequenos esforços localizados – como o seu próprio projecto – podem ter um enorme impacto global. O trabalho de Ferreira exemplifica, por isso, como soluções tecnológicas inovadoras podem contribuir para um futuro mais circular e sustentável. Sobre a sua intervenção, o jovem cientista acrescenta ainda que é importante ter presente que “a circularidade deve ser integrada nos produtos e sistemas desde o início, colocando a responsabilidade também nas empresas” e não apenas nos consumidores.
Agentes de mudança
Na lógica de partilha de ideias para este movimento comum de mudança sustentável, o programa da conferência conta também com o comentário de Mafalda Sarmento sobre o tema. A investigadora da Universidade Católica e Directora de Sustentabilidade da mesma universidade dará alguns exemplos de casos que tem estudado no Observatório dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas empresas portuguesas para perceber de que forma o impacto do reajuste de toda a cadeia de valor se tem traduzido na realidade do dia-a-dia.
O debate, moderado pelo director do PÚBLICO, David Pontes, conta com os contributos de Pedro Norton de Matos, fundador do Greenfest, um dos maiores eventos nacionais sobre sustentabilidade, de Alice Khouri, da Helexia Portugal e fundadora da Women in ESG Portugal, e de Bruno Esgalhado, parceiro da McKinsey & Company.
A participação é gratuita e a inscrição é feita através deste link.