OE2025: Ministro Pedro Duarte diz que Governo “está disponível” para ceder

Responsável pela pasta dos Assuntos Parlamentares alertou para os riscos que advirão para o país se o Orçamento do Estado não for viabilizado. E exclui “para Já” uma candidatura à Câmara do Porto.

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Pedro Duarte é ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gaudêncio
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O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, assegurou, este sábado, que o Governo “está disponível” para “negociar e ceder” na proposta de Orçamento do Estado e avisou que os socialistas têm “responsabilidades acrescidas” nesta negociação e que “não pode haver infantilidades”.

“Há uma predisposição grande do Governo para podermos chegar a um consenso em torno do Orçamento. Para nós, é muito importante que o país tenha um Orçamento, que a proposta do Governo seja aprovada. Nós sabemos que não temos maioria absoluta no Parlamento e, portanto, estamos disponíveis, mais do que disponíveis, estamos interessados em conversar, em negociar e em ceder, onde for preciso ceder, para podermos ter um Orçamento aprovado”, afirmou Pedro Duarte, em Santo Tirso, à margem de uma visita aquele concelho no distrito do Porto como presidente da Comissão Política Distrital do PSD/Porto.

No entanto, avisou, há limites: “É evidente, acho que toda a gente também percebe, quando eu digo ceder onde for preciso há um limite que é muito simples, que é quando deixarmos ter o projecto do Governo. Não faz sentido se nos deixarmos de rever no Orçamento”.

“Mas tirando aquilo que são estas linhas estruturais, há uma enorme abertura do Governo para podermos ouvir os outros partidos. O que se passa realmente com o PS é que nós não conhecemos essas propostas e, portanto, estamos à espera, isto não é sequer uma crítica, mas estamos à espera que o PS entregue as suas propostas, para podermos avaliá-las e, desde que sejam razoáveis, há, com certeza, toda a abertura da parte do Governo”, disse.

Pedro Duarte deixou, no entanto, um aviso ao PS e ao líder socialista, Pedro Nuno Santos: “Eu espero que haja responsabilidade, sentido de responsabilidade da oposição, nomeadamente do maior partido da oposição. O PS tem responsabilidade no estado em que está o país, foi Governo até há muito pouco tempo, tem a responsabilidade acrescida de perceber que estamos num momento crítico e não pode haver nem infantilidades, nem brincar com a vida dos portugueses”.

Questionado sobre as consequências do chumbo da proposta de Orçamento de Estado, o ministro com a pasta dos Assuntos Parlamentares avisou que seriam “muito negativas” e numa altura decisiva para o país: “Seria muito negativo, estamos num momento crucial, por exemplo ao nível dos investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência, é um ano decisivo no próximo ano e se nós não tivermos a ferramenta disponível, vai implicar mais atrasos e vamos, provavelmente, perder muitos fundos comunitários”.

“O Governo já conseguiu pacificar o país chegando a acordo com muitos sectores profissionais, várias carreiras da Função Pública e tudo isso seria afectado. E, também, nós temos a perspectiva de ter a Economia a crescer para as pessoas terem mais dinheiro no bolso e podermos todos viver melhor”, argumentou.

“A Economia seria muito afectada, desde logo pelo investimento internacional, um investidor que está a pensar trazer dinheiro para o país, se vir que vamos ter uma crise politica, um Governo que não tem uma ferramenta para trabalhar como é um Orçamento, provavelmente vai repensar o seu investimento, e isto seria muito negativo para o país”, alertou.

Porto: “Fora de questão, para já”

Na qualidade de dirigente partidário, o ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou que “está completamente fora de questão, para já”, assumir uma candidatura à Câmara do Porto, mas que o “bom senso” dita que não se deve dizer “nunca”, salientando estar focado no Governo.

“Está completamente fora de questão, para já, porque eu estou focado na missão que estou a desempenhar no Governo. Eu acho que o bom senso diz-nos que nunca devemos dizer nunca, nem devemos dizer sempre, mas, e estou a ser muito sincero e honesto, eu, de facto, o meu foco é no Governo, não me passa sequer pela cabeça outra opção”, afirmou Pedro Duarte, em Santo Tirso, quando questionado sobre se seria candidato à Câmara Municipal do Porto nas autárquicas de 2025.

A visitar aquele concelho no distrito do Porto na qualidade de presidente da Comissão Política Distrital do PSD/ Porto, Pedro Duarte apontou os objectivos naquele distrito para as eleições autárquicas do próximo ano: “O nosso objectivo passa por duas fases: a primeira é apresentarmos bons candidatos, bons projectos. A política tem que ser feita com ideias, tem que ser feita com pessoas”.

“Um segundo objectivo é tentarmos crescer. O nosso objectivo é termos mais mandatos, mais presidentes de câmara, mais presidentes de juntas de freguesia, mais mandatos nas assembleias municipais, porque isso é sinal de que recebemos a confiança das pessoas”, apontou.

Questionado sobre a escolha de Santo Tirso para começar as visitas pelos 18 concelhos do distrito, um concelho onde o PSD não lidera a autarquia desde 1983, Pedro Duarte explicou que queria dar “uma palavra de alento” ao PSD local: “Estou aqui na qualidade de presidente da distrital do PSD do Porto para podermos fazer uma radiografia da realidade do município de Santo Tirso e dar uma palavra de alento, ânimo e muita confiança nos órgãos de Santo Tirso para aquilo que é um ano que sabemos de muito trabalho e que vai culminar com as eleições autárquicas”.

“Estamos com muito otimismo, pela qualidade do trabalho que aqui está a ser feito, pela qualidade dos protagonistas, a qualidade do presidente da comissão politica do PSD de Santo Tirso e perceber que a realidade do concelho é muito simples: nós temos muitas décadas do mesmo poder socialista que tem conduzido a uma estagnação, é um concelho parado, hoje, Santo Tirso”, considerou.

Pedro Duarte foi eleito presidente da Comissão Política Distrital do PSD/Porto a seis de Setembro.