Administrador de insolvência propõe venda da Inapa Packaging por 20 milhões

Inapa, em insolvência, recebeu quatro propostas para várias das suas áreas de negócio, “com especial destaque para os activos localizados em Portugal e em França”, diz o administrador judicial.

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Adriano Miranda
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O grupo de distribuição de papel e embalagens Inapa - Investimentos, Participações e Gestão (Inapa IPG), do qual o Estado é o maior accionista (44,89%) e que actualmente se encontra em processo de insolvência, recebeu várias propostas para a aquisição de áreas de negócio do seu universo empresarial. O administrador de insolvência propõe aos credores que seja autorizada a venda das participações na Inapa Packaging por 20 milhões de euros.

Segundo comunicado enviado esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), tendo como base o relatório do administrador da insolvência, "foi iniciado um processo competitivo junto de potenciais investidores na Inapa IPG e nos seus activos".

Este processo foi desencadeado devido "à ligação intrínseca da situação patrimonial da Inapa IPG com a valorização accionista das sociedades do grupo e tendo em conta a sua exposição a uma rápida deterioração (e.g. por cancelamento de seguros de créditos, encurtamento de prazos de pagamento a fornecedores, dificuldades no acesso a linhas de crédito, redução de "stock", riscos de perda de negócio e perda de capital humano)".

O processo originou interesse, sendo que a Inapa recebeu quatro propostas de entidades distintas, para diferentes partes, "com especial destaque para os activos localizados em Portugal e em França (com excepção de uma proposta recebida, condicional a uma capitalização pelos actuais accionistas de um montante 50.000.000,00 euros)".

"Não foi recebida nenhuma proposta pela globalidade dos activos da Inapa IPG; não foi recebida qualquer proposta no que respeita às empresas do grupo localizadas na Alemanha, Espanha, Bélgica ou Turquia", lê-se.

Entre as propostas, destacam-se "duas propostas para a aquisição da Inapa France SAS e para a Inapa Packaging Lda., bem como manifestações de interesses, não formalizadas, para a potencial aquisição da Inapa Portugal, Distribuição de Papel, S.A".

Por outro lado, "existe interesse manifestado por diversos investidores em que seja assegurada a manutenção da actividade da sociedade Inapa Shared Center, Lda".

Há ainda uma oferta vinculativa da Next Pack "para a aquisição de 100% (cem por cento) do capital social da Inapa Packaging SAS (detida pela subsidiária da Inapa IGP Europackaging Investimentos, Participações e Gestão, Lda) e, consequentemente, a aquisição das suas participadas SEMAQ - Societé D'Emballage et de Manutention D'Aquitaine e Embaltec SAS, por um preço fixo de 20.000.000,00, euros sujeita a aprovação ou derrogação do efeito suspensivo pela Autoridade da Concorrência Francesa".

Tendo em conta todas estas manifestações de interesse, o administrador da insolvência propôs que a assembleia de credores da Inapa IPG delibere, por um lado, a "manutenção da actividade do estabelecimento da insolvente na esfera do administrador da insolvência, sem que se veja determinada a suspensão da liquidação do activo (para se prosseguir as diligências tendentes à venda das participações sociais e de outros activos detidos pela Inapa IPG)".

Além disso, propõe também que seja discutida "a autorização para que a insolvente delibere a venda pela Europackaging de 100% das participações sociais no capital da Inapa Packaging SAS e, consequentemente e de forma indirecta, das suas subsidiárias SEMAQ - Societé D'Emballage et de Manutention D'Aquitaine e Embaltec SAS, pelo valor de EUR 20.000.000 (vinte milhões de euros), à sociedade Next Pack, SAS".

A assembleia de credores para apreciação do relatório está agendada para o dia 27 de Setembro.

Em Julho, a Inapa anunciou que iria pedir insolvência devido a uma "carência de tesouraria de curto prazo" da sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH no montante de 12 milhões de euros, para a qual não foi encontrada solução.

O grupo Inapa foi fundado em 1965 e tem como principal accionista a empresa pública Parpública, com 44,89%.