Na teoria e na prática, Portugal subiu um patamar no Mundial de futsal

A selecção portuguesa garantiu a presença nos oitavos-de-final do Mundial, fruto do segundo triunfo no grupo E. Este jogo com o Tajiquistão não teve nada que ver com o atropelo ao Panamá.

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Jogadores de Portugal celebram no Mundial FPF/Oficial
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Nesta quinta-feira, no Uzbequistão, Portugal subiu mais um patamar no Mundial de futsal. Subiu, na prática, ao patamar dos oitavos-de-final, já que garantiu a presença na próxima fase, mas subiu também a um patamar mais abstracto: o patamar teórico de dificuldade, já que o que se passou em Tashkent, com triunfo (3-2) frente ao Tajiquistão, foi bem diferente do que tinha acontecido com o Panamá.

Na primeira jornada, Portugal defrontou uma equipa que parecia jogar uma modalidade diferente, de tão frágil que era. Nesta quinta-feira, com passagem garantida no grupo E ainda antes da terceira jornada com Marrocos, não foi bem assim.

Tajiquistão não soa imediatamente a potência desportiva, muito menos do futsal, mas a equipa asiática é bastante mais competente do que o Panamá. Mais rápida, mais forte e, sobretudo, mais conhecedora do jogo, algo visível na forma mais inteligente com que lê as coberturas defensivas – o Panamá é, por outro lado, uma equipa bastante rudimentar.

Também ofensivamente conseguia fazer mais, algo patente no elevado número de faltas que a selecção portuguesa foi obrigada a fazer.

Kutchy em destaque

Portugal abordou este jogo como abordou o último, prolongando os momentos de 4x0. E repetia dois movimentos aparentemente simples.

Um era o trivial toque em apoio frontal e corte nas costas com bola longa – o problema foi que essas bolas longas foram frequentemente transviadas.

O outro era promover isolamentos para Kutchy, à basquetebol, com os outros três atacantes do lado oposto da quadra, arrastando os defensores e deixando Kutchy em um contra um.

Com muita rotatividade, o plano de Jorge Braz foi ter sempre jogadores frescos e dinâmicos, mais do que dar minutos seguidos a um cinco em concreto.

E a ideia, nesse prisma, surtiu efeito. A equipa esteve bastante bem no 4x0, com desequilíbrios criados com relativa facilidade, apesar de falhar o último passe.

Mas o resultado foi-se construindo. Aos 3’, numa bola parada, foi um desenho fácil: reposição de bola pelo chão, recepção de Pany e remate – o defensor demorou muito a encurtar o espaço.

Aos 11’, um golo de Zicky e “à Zicky”: recuperou a bola, lutou entre três defensores e ganhou dois ressaltos. Depois, ressalto no guarda-redes, ressalto no poste e ressalto num defensor. Com um golo “arrancado a ferros”, Portugal levou o 2-0 para o intervalo.

Após o intervalo, Portugal sofreu um golo de Aliev num remate de longe após um canto – Edu pareceu algo mal batido.

Logo a seguir foi reposta a diferença, numa recarga de Erick, depois de mais um lance individual de Kutchy, desta vez mal defendido pelo guardião.

Portugal tentou, depois, controlar o jogo com bola, algo que tornou a segunda parte menos interessante. Na fase em que os asiáticos apostaram no 5x4 não havia especial perigo criado, mas um golo atabalhoado a dois segundos do final deu um ar mais equilibrado ao resultado.

Isto aconteceu segundos depois de Jorge Braz ter pedido, no desconto de tempo, menos risco aos jogadores, que só tinham de fazer os asiáticos "cheirarem" a bola. Não cumpriram esse mini-plano final, mas cumpriram o resultado.

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