Hezbollah promete continuar luta contra Israel depois das explosões de pagers

Para além de nove mortos, há 2800 feridos, incluindo 200 em estado grave. O Ministério da Saúde do Líbano colocou os hospitais de todo o país em “alerta máximo”.

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O filho do deputado do Hezbollah Ali Ammar foi um dos mortos nas explosões Mohamed Azakir / REUTERS
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Um dia depois da explosão de centenas de pagers usados pelo Hezbollah, a milícia xiita libanesa avisou para "o difícil preço que o inimigo criminoso deve esperar pelo seu massacre de terça-feira" e garantiu que vai continuar a sua luta "em apoio a Gaza". Tal como o grupo apoiado pelo Irão, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões a um "ciberataque israelita” e disse que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.

Para além de nove mortos, incluindo uma menina de dez anos e o filho de um deputado do Hezbollah, o ataque deixou 2800 pessoas feridas, a maioria nas mãos e no rosto, 200 das quais com gravidade. Entre as vítimas há vários membros do Hezbollah e também há membros do grupo que foram feridos em explosões na Síria. Um dos feridos é o embaixador do Irão no Líbano.

O Ministério da Saúde colocou os hospitais de todo o país em “alerta máximo” e pediu aos cidadãos para se manterem afastados dos aparelhos de comunicação sem fios. As escolas no Líbano vão estar fechadas nesta quarta-feira.

Um avião militar enviado pelo Iraque já aterrou em Beirute com material médico.

Um membro do Hezbollah, que falou sob anonimato, disse à agência de notícias Associated Press que novos modelos de pagers portáteis recentemente comprados pelo grupo explodiram depois de terem aquecido. O grupo anunciou que o seu líder, Hassan Nasrallah, fará um discurso na quinta-feira.

"De acordo com as gravações de vídeo [...], um pequeno explosivo plástico estava certamente escondido junto à bateria para accionamento remoto através do envio de uma mensagem", escreveu, na rede social X (antigo Twitter) Charles Lister. Segundo este especialista do Instituto para o Médio Oriente, com sede em Washington, isso significa que a Mossad, o serviço secreto de Israel, responsável pelas operações especiais no estrangeirom "se infiltrou na cadeia de abastecimento".

A empresa de Taiwan Gold Apollo disse esta quarta-feira que autorizou o uso da sua marca nos pagers que explodiram no Líbano e na Síria, mas que estes tinham sido fabricados por uma outra empresa, com sede na Hungria. O presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-kuang, disse aos jornalistas que a empresa teve um acordo de licenciamento com a BAC nos últimos três anos.

Num comunicado, a Gold Apollo explica que os pagers AR-924 utilizados pelos operacionais do Hezbollah foram fabricados pela BAC Consulting KFT, com sede na capital da Hungria, Budapeste. "Segundo o acordo de cooperação, autorizámos a BAC a utilizar a nossa marca para vendas de produtos em determinadas regiões, mas o design e fabrico dos produtos são da exclusiva responsabilidade da BAC", pode ler-se.

Entretanto, a companhia aérea Air France suspendeu os voos de Paris para Beirute e Telavive, pelo menos hoje e quinta-feira, devido à situação de segurança. A companhia de bandeira francesa disse que irá "acompanhar em tempo real a evolução da situação no Médio Oriente", explicando que o retomar das ligações com o Líbano e Israel dependerá de "uma avaliação diária da situação" naqueles locais. A Lufthansa também suspendeu os voos de e para Beirute, Telavive e Teerão.