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Carlos Eduardo, o Chantilly Papai, morreu carbonizado no país em que sonhou viver
O brasileiro nasceu em Recife e cruzou o Atlântico em busca de uma vida melhor em Portugal. O jovem morreu ao tentar recuperar máquinas da empresa para a qual trabalhava. Ele foi engolido pelo fogo.
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O brasileiro Carlos Eduardo, de 28 anos, conhecido nas redes sociais como Chantilly Papai, morreu carbonizado na tarde de segunda-feira (16/09) em um incêndio florestal em Albergaria-a-Velha. Ele tentava salvar máquinas da empresa para a qual trabalhava, mas foi engolido pelo fogo.
Carlos Eduardo, que deixou uma filha pequena, nasceu na favela do Coque, a região mais pobre do Recife, e há cinco anos cruzou o Atlântico com destino a Portugal para melhorar de vida. Ele sonhava ser músico e dançarino. E tinha paixão pelo samba, tornando-se conhecido no carnaval de Ovar.
Solteiro, caçula de 16 irmãos, o brasileiro morava no bairro da Severa, na Trofa, a 14 quilômetros de onde perdeu a vida. Ele vivia em uma casa com outros brasileiros, com quem partilhava as alegrias e as dores de ser imigrante. Em abril, esteve a passeio na Suíça, onde mora um irmão. Três irmãs vivem em São João da Madeira.
Desde 2018, ele publicou 37 vídeos no canal que tinha no YouTube. Também retratava, com frequência, o seu dia a dia em Portugal. O brasileiro adorava uma festa. Foi numa delas, em que passou a jogar chantilly nas pessoas, que ganhou o apelido que ostentava com orgulho.
A família de Carlos Eduardo foi avisada pela polícia sobre a morte dele. O corpo, carbonizado, passou por autópsia no Instituto Nacional de Medicina Legal (IML). Ainda não se sabe se ele será enterrado no Brasil ou em Portugal.
O Consulado do Brasil no Porto está em contato permanente com os parentes do jovem brasileiro que perdeu a vida de forma tão trágica. Estão todos em estado de choque. O suporte é jurídico e psicológico.
País em chamas
Desde sexta-feira, parte do Norte de Portugal está tomada pelo fogo. Os incêndios já fizeram sete vítimas, sendo três bombeiros. Outros 40 profissionais foram feridos pelas chamas. O Governo pediu ajuda à União Europeia (UE) e quatro países já cederam aviões para o combate ao fogaréu: Espanha, França, Itália e Grécia.
Pelos cálculos mais atuais, há pelo menos 100 focos de incêndio sendo combatidos. Vários suspeitos foram presos, acusados de provocarem, criminosamente, alguns dos incêndios: 41 deles ocorreram durante à noite, em regiões menos habitadas.