Há centenas de cães e gatos esperando por um lar. Saiba como adotar

Adotar um animal abandonado requer preparo para que tudo corra bem. Infelizmente, muita gente leva um gato ou um cachorro para casa e depois se arrepende. Trauma da devolução para os animais é grande.

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Bella e Zarah foram adotadas pela brasileira Késia Quintaes. "Há tantos bichinhos esperando por um lar", diz ela Arquivo pessoal
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Passar pelas portas das instituições que abrigam cães e gatos abandonados requer muita disposição emocional. Ver a grande quantidade de animais esperando por uma adoção é de cortar o coração. Infelizmente, o número de pessoas dispostas a levar um dos bichinhos para casa é muito menor do que o de pets recolhidos diariamente.

Vários cães e gatos que chegam às três principais entidades que os acolhem na área metropolitana de Lisboa — Casa dos Animais, Centro de Recolha Oficial da Amadora e União Zoófila — passam por um logo período de tratamento, tamanho o mau trato do qual foram vítimas. Nesses casos, os interessados em adotá-los têm de esperar por mais de um mês até que a saúde deles seja restabelecida.

Especialistas que trabalham nesses abrigos ressaltam que adotar um bichinho é um ato de amor. Mas, também, de responsabilidade. De nada adianta retirar os animais de onde estão sendo bem tratados, depois de tanto sofrimento, para não dar a devida atenção ou relegá-los novamente ao abandono. “Quem quer ter um animal em casa, deve tratá-lo muito bem”, diz o ex-militar João Solvelas, 61 anos, que atua na Casa dos Animais de Lisboa.

Além de carinho e atenção, cães e gatos demandam gastos. É preciso levá-los periodicamente a veterinários, aplicar-lhes vacinas e alimentá-los bem. O problema é que muita gente, levada pelo emocional, acaba adotando os bichinhos, mas, depois, se dão conta de que não tem como assumir tais despesas. O resultado é traumático para os animais, que são devolvidos às casas de acolhimento.

Os abandonados

Os cães de raça mais comuns nos abrigos são os pitbulls, na maioria das vezes, abandonados ou recolhidos pela Polícia, devido à violência que desenvolvem contra pessoas e outros animais domésticos. Alguns deles até recebem a sentença de eutanásia, mas existem “anjos” que os salvam da morte. Esses cães são mantidos em jaulas, longe do contato humano.

Alguns tratadores, no entanto, se especializaram em devolver ao convívio cães que estavam destinados a serem abatidos ou a ficarem presos em gaiolas indefinidamente. É o caso Solvelas. Ele fala com orgulho dos cachorros que foram retirados de maus tratos e estão disponíveis para adoção. “Procuro sempre dar um passeio com eles, porque tenho segurança de que estão preparados para o convívio com humanos”, afirma.

Ele nomina alguns dos cães perigosos que já estão liberados para adoção: Dios (raça indefinida); Kimura, que chegou pesando 15 quilos e já está com 35; e Brutus, pitbull que foi abandonado nas ruas. Somente na Casa dos Animais de Lisboa são mais de 150 cães e 50 gatos à espera de um novo lar. O ex-militar esclarece que são animais diversos, de guardiões de propriedades aos que podem ser ótimas companhias em casa, por serem muito carinhosos.

Antes de serem adotados, cães e gatos devem permanecer nos abrigos por pelo menos 15 dias, conforme a legislação municipal em vigor. É uma forma de os animais passarem por exames e se prepararem para novos tutores. Inclusive, veterinários que trabalham nos centros de recolhimento recomendam que os interessados na adoção visitem os pets e sintam se realmente estão preparados para levá-los para casa.

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Késia no dia em que adotou Bella. Muito amor envolvido Arquivo pessoal

Ato de amor

A brasileira Késia Diego Quintaes, 52 anos, não se arrepende de ter adotado vários animais. Tudo começou com a cachorra Bela, que havia sido abandonada em um abrigo por duas vezes. “Ela era explorada por criadores que usam os animais apenas para procriarem e ganharem dinheiro. Quando ela passou a não dar os resultados esperados, foi largada”, afirma. Bella tinha cinco anos quando chegou à casa de Késia. “Em novembro, fará um ano que a adotamos. Ela é uma graça, estamos apaixonados”, diz.

Como moram em uma chácara com um bom quintal, Késia e o marido, o australiano Craig Dedini, 57, adotaram mais um cachorro, Elvis, e cinco gatos, a primeira, Zarah. Ela tinha apenas sete meses de vida e estava abandonada nas ruas, com sangramento nas costas. “Um voluntário a encontrou e fez o anúncio. Decidi adotá-la. Meu marido, que não gostava de gatos, caiu de amores. Tanto que hoje temos cinco bichanos”, ressalta.

Para Késia, todos que puderem adotar um animal, deveriam fazê-lo, pois, além de um gesto de amor, é uma companhia e tanto. “Há muitos bichinhos sofrendo, precisando de um lar. Para mim, não faz sentido incentivar criadores de animais, que vendem as crias, se há tantos cachorros e gatos esperando pela adoção”, frisa. Ela reconhece que há custos para manter os animais saudáveis, mas o amor prevalece. “Os meus têm chips e passaporte”, ressalta.

A gata Zarah Arquivo pessoal
O bichano Dusty Arquivo pessoal
Zarah e Bella, amigas
Floyd e Bella Arquivo pessoal
O gato Tiger Arquivo pessoal
O pequeno Rocky sendo amamentado Arquivo pessoal
O cão Elvis Arquivo pessoal
Craig no dia da adoção de Bella Arquivo pessoal
Fotogaleria
A gata Zarah Arquivo pessoal

A União Zoófila de Lisboa, que abriga cerca de 600 animais, é uma das mais antigas de Portugal, com 70 anos de atividade, sempre ligada ao trabalho de resgate e cuidados com os pets. Segundo o site da instituição, o lema “é sonhar com o dia em que o mundo já não precise de associações” como ela, pois os animais merecem amor, carinho, cuidado e família.

Antes de adotar um cão ou um gato é necessário a leitura do Guia de Adoção da entidade, que, entre outras coisas, orienta os interessados a observarem o seu estilo de vida, a sua disponibilidade financeira, a reserva de um espaço disponível para o animal e se quer um bebê ou um adulto. O porte do animal é importante para a aplicação das vacinas, a quantidade de medicamento para parasitas, além do alimento a ser dado a ele.

O Centro de Recolha Oficial de Animais da Amadora foi autorizado a funcionar em 2008, se constituindo na primeira instituição de recolhimento de animais de Lisboa. Sua estrutura engloba canil, espaço para gatos e estábulos, além de uma área social, sala de triagem, posto de vacinação, armazém, lavandaria, cozinha e banheiros.

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