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Videocast: "Fazer drinques é o meu mundo", diz a bartender Flavi Andrade. Ela dá dicas
Eleita a melhor bartender de Portugal, a brasileira afirma que bons coquetéis exigem técnica e produtos certos. Uma das novas tendências é bebida sem álcool.
A brasileira Flavi Andrade, 45 anos, nascida em Brasília, mudou-se para a Europa em 2008 com uma missão bem definida: fazer doutorado em jornalismo, em Sevilha, Espanha. Mas os altos custos do curso e as despesas do dia a dia foram, aos poucos, a empurrando para outro caminho, que, para ela, era apenas um modo de sobrevivência: o de bartender. “Me ajudou muito a bancar minhas despesas”, diz.
O tempo passou e o que surgiu como um bico, um complemento de renda, transformou-se em paixão. “Realmente, me encontrei”, relata Flavi. “A cada dia, percebia que era exatamente o que eu queria da vida”, complementa a brasiliense, dona de uma técnica particular para o preparo de drinques.
A fama daquela jovem, espalhada no boca a boca, acabou lhe rendendo, há 11 anos, um emprego como bartender em um restaurante no Algarve. Flavi sabia que o percurso traçado até ali, que muitos acreditam ser território puramente masculino, acabaria desaguando em Lisboa, o que não demorou muito para acontecer. Um convite do Rossio Gastrobar, que estava sendo montado, foi arrebatador. “Disse sim, e pronto”, conta.
Flavi e o marido, Guilherme, também especialista na arte de preparar coqueteis, fizeram as malas e aportaram na capital portuguesa. Desde então, no comando do bar do Rossio, o que é um feito, ela não para de colecionar prêmios. “O fato de ser mulher não foi um desafio para me tornar bartender, o que me motivou foi dar o meu melhor dentro dessa profissão”, afirma. "Nunca colocar a questão de gênero à frente, mas, sim, a capacidade de fazer o melhor dentro da profissão", acrescenta.
O primeiro grande prêmio conquistado por Flavi foi em 2015, eleita a melhor bartender de Portugal. No ano passado, levou o prêmio de Melhor Bar de Hotel e o Top Cocktail Bar, na Espanha, segundo o Lisbon Bar Show. No início deste ano, o Rossio Gastrobar conquistou o prêmio de Melhor Bar de Restaurante de Portugal, concedido pelo Mesa Marcada, um dos mais conceituados no ramo da gastronomia. Mais recentemente, Flavi foi escolhida a melhor barmaid do país europeu, concedido pelo Lisbon Bar Show 2024.
Destino: o mundo
Desde muito cedo, a brasiliense sabia que seu destino era o mundo. “Sempre fui muito desgarrada. Aos 17 anos, já estudava jornalismo em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Gosto de experimentar o novo. E faço isso, inclusive, no meu trabalho, testando todos os dias sabores para encontrar o drinque ideal, que agrade a clientela”, diz. Para ela, os drinks, sabores líquidos, são uma experiência diferente, que “andam de braços dados com a cozinha e os serviços oferecidos no bar”, assinala.
A bartender, por sinal, está com um projeto novo, o Gastronomy Women, no Espaço Santa, que fala de bar, atendimento e cozinha trabalhando juntos num ambiente de igualdade, diversidade e salubridade. A proposta foi idealizada por ela e pelo chef de cozinha João Correia. “Nos juntamos para mostrar e contar um pouco como a estrutura de um bar ou restaurante funciona. Sabemos que nada é perfeito, mas queremos plantar uma sementinha em outros ambientes”, destaca. A meta é que o projeto, que é itinerante, seja apresentado em Milão.
A ida à Itália, segundo a brasileira, será mais passo na carreira dela. Lá estará ocorrendo o 360º Gastronomy Women, encontro sobre inteiração entre mulheres da indústria de bares, que trabalham e empreendem em diferentes partes do mundo. “Quando recebi o convite para estar nesse evento, me senti verdadeiramente lisonjeada por levar um pouco de Portugal e do Brasil”, destaca. Para ela, todo mundo pode preparar um bom drinque, desde que escolha os ingredientes certos. Ela chama a atenção para uma nova tendência nos bares, as bebidas sem álcool ou com quantidade reduzida, dentro da proposta do consumo responsável e seguro.