Quarenta e oito
A vida, felizmente, não é sempre colorida. Nem produtiva. Ser verdadeiramente humano também passa por sentir muitas vezes tédio, melancolia, frustração e tristeza.
Tinha 12 anos acabados de fazer quando, a meio das férias de Verão, durante um almoço igual a mil outros, decidi queixar-me de tédio. As férias, com os meus pais no trabalho e os meus irmãos fora, estavam a tornar-se uma sucessão de dias infinitos que me aborreciam até ao âmago. E naquele dia decidi verbalizar o quão aborrecida estava e o quão maçadora era a minha vida. Acontece que em vez de compreensão paterna — claramente os meus pais nunca ouviram falar sobre a importância de validarem os sentimentos dos filhos — recebi um olhar de soslaio da minha mãe e uma granada, em forma de pergunta, lançada pelo meu pai.
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