Em Baku, a Pérez e Sainz entregaram o ouro à McLaren

Num dia de triunfo de Piastri, a McLaren subiu à liderança do Mundial de construtores, depois de Perez e Sainz se anularem mutuamente na penúltima volta, num acidente desnecessário.

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Oscar Piastri em acção em Baku Maxim Shemetov / REUTERS
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Neste domingo, no GP do Azerbaijão em Fórmula 1, corria-se a penúltima volta da corrida quando o Red Bull de Sergio Pérez e o Ferrari de Carlos Sainz se estamparam no muro do circuito citadino – é verdade que o mexicano fez um ajuste de posição para o lado do espanhol, mas Sainz não tinha necessidade de fazer o que fez, mudando rapidamente de trajectória. ​Lutavam pelo último lugar do pódio, levaram a luta demasiado longe num acidente escusado e ofereceram o “ouro” à McLaren.

O ouro de quem venceu com Oscar Piastri, mas, sobretudo, o ouro de quem pôde ter Lando Norris dois lugares acima e subir à liderança do Mundial de construtores com uma vantagem ainda maior do que poderia ter sido – algo que não acontecia há dez anos –, ultrapassando a Red Bull. São 476 pontos, contra 456.

Norris partiu da 16.ª posição e terminou no quarto lugar, numa corrida na qual apostou na longa vida do pneu mais duro, fazendo apenas uma paragem nas boxes, depois de uma qualificação fraca.

Este foi o segundo triunfo da carreira de Piastri, que conseguiu roubar o lugar a Charles Leclerc, depois de uma boa luta durante várias voltas. Divertiram bastante quem pôde ver a prova. George Russell fechou o pódio.

No topo do Mundial de pilotos, Max Verstappen continua em primeiro e também beneficiou um pouco do incidente entre Perez e Sainz, podendo acabar uma prova difícil em quinto lugar. Perdeu alguns pontos para Norris, mas não muitos. São 313 contra 254.

A odisseia dos pneus duros

Na pole position, Leclerc fez uma boa partida e manteve a posição. Mas a verdadeira corrida era atrás. Norris, que tinha ficado pela Q1, fez um excelente arranque, com quatro posições ganhas em três voltas num circuito citadino.

Sabia que tinha de ser ofensivo na primeira parte da corrida, mas sem puxar muito pelos pneus duros, que poderiam passar por problemas de sobreaquecimento – e teriam sempre de ter uma longa vida nesta corrida.

Na frente nada se passava – tanto assim era que os líderes pouco apareciam na transmissão. Leclerc não tinha pressão de Piastri, que também não a tinha de Pérez, que por sua vez não tinha de Sainz, que também não tinha de Verstappen. Era um “comboio” com carruagens bem afastadas e que tirava emoção à corrida.

Na gestão dos pneus, as distâncias na casa do segundo e meio ou dois segundos costumam ser faladas pelos pilotos como as que não permitem nada de útil: nem dá para atacar o piloto da frente nem dá para ir em gestão de pneus.

Norris e Albon, com pneus duros, estavam a esticar ao máximo esses jogos iniciais, provavelmente a fazerem figas para uma entrada de safety car – que em Baku é comum. Se isso acontecesse por altura das voltas 27-37, segundo previsto pela Pirelli, isso permitiria fazerem apenas uma paragem nas boxes e lutarem pelas posições de pontos.

Mas rodava-se a volta 22 e Norris já se queixava à equipa. As queixas pararam quando o britânico percebeu que ainda tinha ritmo para manter Verstappen atrás de si na luta pelo sexto lugar e acabou por só ir às boxes na volta 38, tendo de desistir da ideia de beneficiar de um safety car. Levou pneus médios para 14 voltas e saiu à frente de Alonso, rodando em sétimo lugar. Não foi perfeito, porque perfeito seria com safety car, mas acabou por correr bem à McLaren.

Na frente, Piastri estava mais forte do que Leclerc e atacou o monegasco na curva 1, com uma travagem muito tardia. O piloto da Ferrari até poderá ter sido surpreendido, tal era a improbabilidade de ataque naquele momento – não por ser um mau local, mas por a manobra ter sido iniciada tão tarde.

A diferença de ritmo não era grande, pelo que era, sobretudo, uma luta de DRS – Leclerc ainda devolveu os ataques e deu-se uma luta bastante divertida, mas na qual acontecia sempre o mesmo: na primeira curva, após uso de DRS, Piastri oferecia ao Ferrari o lado direito da pista e isso nunca chegava para ultrapassagem na curva para a esquerda.

A duas voltas do fim, Pérez e Sainz, em luta pelo pódio, enfaixaram-se no muro de Baku, num final dramático. Na frente, Leclerc não estava com nível para Piastri.

A próxima corrida é dia 22, em Singapura.

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