Zelensky diz que incursão em Kursk atrasou avanço russo no Leste da Ucrânia

Presidente ucraniano insiste na autorização para usar mísseis de longo alcance, mas Casa Branca diz que para já não está prevista qualquer alteração na política dos EUA.

Foto
Volodymyr Zelensky vai apresentar o seu plano para a paz no final do mês SERGEY DOLZHENKO / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:56

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy afirmou esta sexta-feira que a incursão da Ucrânia na região fronteiriça russa de Kursk produziu o resultado desejado de abrandar o avanço de Moscovo na frente de combate no Leste da Ucrânia.

Zelensky disse numa conferência em Kiev que o contra-ataque da Rússia na região de Kursk também não teve grandes sucessos, contradizendo os relatos do Presidente Vladimir Putin sobre os avanços russos em ambas as frentes.

A Ucrânia lançou uma incursão surpresa na região de Kursk no início de Agosto, avançando pelo território russo e reivindicando o controlo de dezenas de povoações.

“A campanha deu os resultados com que, francamente, contávamos. Na região de Kharkiv, o inimigo foi travado. O seu avanço na região de Donetsk foi abrandado, embora a situação continue muito difícil nessa região”, disse o Presidente ucraniano. Zelensky afirmou ainda que a Rússia tinha cerca de 40 mil soldados na frente de Kursk e confirmou o contra-ataque. “Até agora, não vimos nenhum sucesso sério da Rússia”, acrescentou.

O Ministério da Defesa da Rússia disse na sexta-feira que a sua tropa tinha retomado dez aldeias das 100 que Kiev tinha reivindicado.

Mais de dois anos e meio após a invasão russa, a guerra encontra-se num momento crítico, com Moscovo a bombardear regularmente as infra-estruturas e as cidades ucranianas, enquanto tenta fazer recuar a incursão ucraniana em Kursk e completar a captura de toda a região do Donbass.

Zelensky reconheceu que a situação perto do centro logístico de Pokrovsk, na região de Donetsk, no Leste da Ucrânia, continua difícil, embora tenha dito que a situação se estabilizou na última semana.

O Presidente ucraniano descreveu anteriormente a operação de Kursk como uma parte do seu “plano de vitória” mais alargado que pretende apresentar ao Presidente dos EUA, Joe Biden, no final deste mês.

“O plano pode preparar o caminho para uma paz fiável - para a plena implementação da fórmula de paz”, disse Zelensky esta sexta-feira, recusando-se a revelar os detalhes do plano mas adiantando que consistia num pequeno número de pontos.

“E todos esses pontos dependem da decisão de Biden. Não de Putin”, acrescentou Zelensky.

A Ucrânia intensificou os apelos aos seus aliados ocidentais, em particular aos Estados Unidos, para que autorizem ataques de longo alcance na Rússia, afirmando que tal é fundamental para os seus esforços no sentido de restringir a capacidade de Moscovo para atacar a Ucrânia.

Até agora, os aliados têm-se mostrado relutantes em autorizar tais ataques, receando que Moscovo os trate como uma escalada. Esta sexta-feira, a Casa Branca afirmou que não há para já “qualquer alteração” na sua política em relação à possível utilização pela Ucrânia de mísseis de longo alcance para atacar o território russo.

“Não há qualquer alteração na nossa opinião sobre o fornecimento de capacidades de ataque de longo alcance à Ucrânia para utilização dentro da Rússia”, disse o porta-voz de segurança nacional, John Kirby.

“Não esperaria qualquer anúncio importante a esse respeito”, acrescentou, referindo-se ao encontro desta sexta-feira entre o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.