Universidade de Aveiro quer incluir colecção de invertebrados marinhos em catálogo mundial

A colecção de invertebrados marinhos da Universidade de Aveiro tem mais de um milhão de exemplares de 1300 espécies, 82 das quais foram descritas como novas espécies para a ciência.

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Universidade de Aveiro Paulo Pimenta
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A Universidade de Aveiro (UA) pretende avançar com o registo oficial e internacional da sua colecção de invertebrados marinhos, com mais de um milhão de exemplares de 1300 espécies, informou esta quinta-feira fonte da academia.

A Colecção Biológica de apoio à Investigação (CoBI) do Departamento de Biologia da UA é composta sobretudo por "invertebrados do mar profundo e costeiro, alguns bem conhecidos dos pescadores, outros desconhecidos até de especialistas".

"Alguns exemplares são material tipo, ou seja, são os que representam as características de espécie nova para a ciência", refere uma nota da UA.

Actualmente, a colecção ultrapassa um milhão de exemplares categorizados em mais de 9500 registos, nos quais estão representadas 1300 espécies, sendo que 82 foram descritas como novas espécies para a ciência, a maioria das quais foram descobertas por investigadores da UA.

Citada na mesma nota, a bióloga Marinha Cunha, coordenadora científica da colecção, diz que um dos objectivos é avançar com "o registo oficial e internacional da colecção, de modo que faça parte do catálogo mundial de colecções deste tipo".

Os responsáveis pretendem também dar mais visibilidade à colecção, que recebe, regularmente, visitas de grupos escolares no âmbito das suas actividades de divulgação científica, tornando este repositório acessível online a investigadores e outras entidades.

A colecção, que actualmente está instalada na cave do edifício 3 do campus de Santiago, começou em 1985 com os primeiros estudos e recolhas das espécies que habitam a ria de Aveiro realizados por finalistas do então novo curso de Biologia, no âmbito de trabalhos académicos e de estudos de impacte ambiental.

"As mais de 20 campanhas em oceano profundo iniciadas em 2000, nas quais participaram professores e alunos da UA, ampliaram de modo muito significativo a colecção, trazendo várias espécies novas para a ciência", refere a academia.

A maioria dos exemplares estão identificados ao nível da espécie e muitas espécies têm dados moleculares associados (sequências de ADN devidamente depositadas no GenBank – a base de dados de sequências de ADN mais usada pelos cientistas e no BOLD).

A CoBI possui ainda um vasto acervo de material biológico proveniente maioritariamente da margem continental europeia, e em particular da Península Ibérica, estando, no entanto, também representados os oceanos Árctico, Pacífico, Índico, Antárctico, Mar Mediterrâneo, Mar Negro e Mar Vermelho.

Em termos batimétricos e ecológicos, o material depositado representa uma grande variedade de habitats com características próprias, desde a costa ao mar profundo, incluindo estuários, lagoas, canhões e montes submarinos, recifes de corais de águas frias, fontes frias e fontes hidrotermais, entre outros.

Desde 2016, começaram também a surgir solicitações de investigadores estrangeiros para depositar os seus espécimes na colecção da UA, incluindo material tipo.

Associado à colecção, existe ainda um arquivo de referências bibliográficas e respectiva base de dados, o qual serve de apoio aos trabalhos científicos realizados em torno do material da colecção.