Montenegro garante que Governo não ficará “a contemplar” a falta de professores

Montenegro disse que “estabilidade e sentido de Estado é o que as pessoas reclamam” dentro da escola e também “aquilo que os portugueses reclamam para o país”.

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Luís Montenegro elogiou o ministro Fernando Alexandre, pelo "esforço grande" que tem feito "para tentar, nesta primeira fase, encontrar respostas de emergência" ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu esta quinta-feira que há "muitos alunos que estão a ter menos oportunidades" devido à falta de professores e garantiu que o Governo não ficará "a contemplar a situação".

Durante a sessão solene de abertura do ano lectivo na Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, o primeiro-ministro disse que Portugal precisa "efectivamente de mais professores, porque há muitos alunos que estão a ter menos oportunidades porque não têm professor pelo menos a uma disciplina, alguns a mais do que uma disciplina".

"Infelizmente, tem sido um ensinamento aquilo que vem dos últimos anos, mas nós não podemos ficar a contemplar a situação", frisou. Luís Montenegro elogiou o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, pelo "esforço grande" que tem feito "para tentar, nesta primeira fase, encontrar respostas de emergência".

O governante referiu-se ao diploma aprovado em Conselho de Ministros para permitir "um processo de recrutamento excepcional e temporário para poder dar resposta às dificuldades que hoje muitas escolas e sobretudo muitos alunos sentem, por incrível que pareça, em centros urbanos como Lisboa, de terem acesso a igualdade de oportunidades" por lhes faltarem professores a algumas disciplinas.

Cerca de 1,3 milhões de estudantes do 1.º ao 12.º anos começam, entre esta quinta-feira e a próxima segunda-feira, as aulas de mais um ano lectivo em que "milhares de alunos" voltam a não ter todos os professores.

Tal como tem acontecido nos últimos anos, o regresso às aulas volta a ser marcado pela falta de professores em muitas escolas, em especial na área metropolitana de Lisboa, mas também em estabelecimentos de ensino do Alentejo e do Algarve.

No início da semana, os resultados da segunda reserva de recrutamento deixaram 1091 horários por preencher, a que se somam os horários diariamente disponibilizados através da contratação de escola, o último recurso disponível para o recrutamento de professores.

Luís Montenegro disse que o Governo quis, neste arranque de ano lectivo, "assinalar o restabelecimento da estabilidade, o aprofundamento do sentido de colaboração de pessoas e entidades que muitas vezes colidem nos seus objectivos".

"Que esta cultura cívica, educativa, possa espalhar-se para todos os desafios que o país enfrenta. Que possamos evitar mais instabilidade àquela que já existe, nomeadamente na nossa Europa, no nosso mundo", apelou o primeiro-ministro, aludindo também à possibilidade de haver "terceiras eleições legislativas no espaço de pouco mais de dois anos, quase três".

Segundo Montenegro, "estabilidade e sentido de Estado é o que as pessoas reclamam" dentro da escola e também "aquilo que os portugueses reclamam para o país".

Na sua opinião, a Escola Secundária Alves Martins é um exemplo de que há instituições que funcionam e que "é possível superar os obstáculos e as dificuldades".

"Nós não estamos a olhar para trás, do passado apenas podemos retirar ensinamentos, mais nada. Nós estamos a olhar para frente, para o futuro. E o que queremos no futuro? Queremos uma escola tranquila, estável", sublinhou.

Foi por isso que o Governo investiu "grande parte do trabalho inicial na recuperação da confiança do corpo docente", justificou o primeiro-ministro, acrescentando que esse trabalho "não está esgotado", havendo ainda que tratar assuntos como a questão da recuperação do tempo de serviço e das carreiras.